terça-feira, 14 de agosto de 2012

1864, CHEGAM OS RÜHE (RÜHER)

Durante o ano de 1864 apenas 3 navios chegaram ao porto de  São Francisco do Sul (SC), trazendo um  total de  127 pessoas, sendo 95 de origem alemã.

Um desses navios, o brigue Najade, saiu do porto de Hamburgo dia 10 de junho de 1864 e chegou em São Francisco dia 02 de setembro. 




Lista de passageiros, embarque dos Rühe no porto de Hamburgo em 1864, daqui.

Em São Francisco, 42 pessoas desembarcaram com destino à colônia Dona Francisca (Joinville). O navio, então, seguiu viagem para o sul, em direção à foz do rio Itajai, onde desembarcaram outras 52  pessoas que se dirigiriam à colônia de Blumenau.


Conheça um  brig
Brig Ares Tsamados, de François Roux, daqui

Entre elas, vindos de Tempelburg perto de Stettin na Prússia (hoje Czaplinek, Polônia), chegam o sapateiro Hermann Rühe e sua mulher Clara Wendt, ambos nascidos em 1821 e os 4 filhos: Anna nascida em 1843, Otto nascido em 1851, Hulda nascida em 11 de janeiro de 1854  e o pequeno Gustav Richard nascido em 29 de setembro de 1860.

Lista de desembarque de imigrantes (parte), disponível no Arquivo de Joinville  (lista 37)

Navio: Najade
Capitão: C.H. Jantzen
Saída de Hamburgo: 10/06/1864
Chegada na Colônia: 02/09/1864
Destino: Dona Francisca e Blumenau
Passageiros: 95 e 42
Nascimentos a bordo: -  Falecimentos a bordo: -

RÜHE, Hermann: 43 anos, sapateiro, Tempelburg, Prússia, c/ mulher Clara (43), filhos Anna (21), Otto (13), Hulda (9), Gustav (3), 3ª classe. 

E COMO FOI A VIAGEM ??



Na edição de 10 de setembro de 1864, do jornal de Joinville “Colonie-Zeitung” foi publicada a seguinte notícia:

Todos os passageiros (do navio Najade) queixavam-se de que a alimentação era escassa e de má qualidade durante a viagem, bem como o rude comportamento do timoneiro, o que viria a causar alguns excessos por parte da tripulação. Assim, os dois grumetes, em consequência de uma falta qualquer cometida, deveriam açoitar-se mutuamente com a ponta de uma amarra. Um deles pegou a amarra, batendo não em seu colega mas no timoneiro, que procurou defender-se com socos e pontapés, sendo arremessado ao chão com a ajuda do outro grumete. O grumete dos camarotes foi condenado a uma surra, que ele mesmo deveria aplicar-se com uma vara de cana-da-índia. Depois que o navio ancorou, os dois grumetes foram levados à cadeia de São Francisco, mas o grumete dos camarotes desapareceu do navio durante uma noite, consta que teria pulado na água e conseguido salvar-se, nadando até a praia.” 

Não foi uma viagem muito tranquila ...

Desembarque de imigrantes na foz do Itajaí - 1885 - Acervo AHJFS

Os passageiros desembarcavam na foz do rio Itajaí (atual cidade de Itajaí, porto de Itajaí), iam para terra em botes, em pequenas viagens para descarregarem toda a tralha, pertences e objetos. Numa dessas viagens da terra para o brigue um dos botes foi atingido por uma violenta tempestade e virou, o capitão, sr. Jantsen nadou até a praia e salvou-se, dois marinheiros morreram (Colonie-Zeitung).

Num primeiro momento os colonos se alojaram num dos barracões para recém chegados existentes na barra do rio, depois seguiam para a colônia, cerca de 70 km rio acima, em embarcações menores numa viagem que durava entre um dia e meio a dois, uma vez na colônia Blumenau passavam a residir em outro alojamento, para em seguida adquirirem seus lotes.

Rio Itajaí-açu, da foz à colônia Blumenau

O transporte de passageiros e cargas através do rio Itajaí era constante entre a colônia de Blumenau e o litoral (atual cidade de Itajaí). Nos primeiros anos da colonização era feito por canoas e pequenos barcos movidos a vela ou a remo. O primeiro vapor a percorrer o trajeto, porém de forma esporádica e irregular, foi o São Lourenço, que demorava cerca de 8 horas na viagem, bem menos que anteriorirmente. Em 1878, começou a funcionar uma linha regular com o vapor de rodas laterais Progresso. Em 1894 foi encomendado de um estaleiro alemão um segundo vapor, o vapor Blumenau, que atualmente está atracado às margens do rio Itajaí no centro de Blumenau para visitação. O transporte fluvial entre Blumenau e Itajaí terminou na década de 1950.

Porto de Blumenau - s/data