quarta-feira, 10 de outubro de 2012

OS COLONOS E OS HABITANTES DA FLORESTA

Quando os imigrantes alemães chegaram nas colônias do sul, o ambiente encontrado era totalmente selvagem. Flora e fauna completamente diversa da que estavam acostumados, exuberante floresta atlântica tropical, calor, umidade, doenças tropicais desconhecidas, animais selvagens de pequeno e grande porte, grupos indígenas vivendo por toda a região. 


Acervo Arquivo de Blumenau

Morar próximo à mata virgem significava o convívio com animais silvestres. O autor José F. Silva, em sua "História de Blumenau" conta que 
“... um fato inusitado e de dolorosas consequências, deu-se no povoamento, que se levantara em 1879, das linhas Itoupava e Massaranduba. Um colono, Cornélio Murphy, que se situara num dos primeiros lotes da região, ocupava um rancho de palmitos, cujas paredes estavam cheias de frestas. Uma onça, proveniente do mato próximo, acercou-se, cautelosamente do rancho e através de uma dessas frestas alcançou com a pata dianteira o colono que dormia a sono solto. Gravemente ferido, Murphy faleceu dois dias depois no hospital da Colônia, para onde foi transportado. Esse fato causou triste repercursão e surpresa em toda região. Onças e outra feras, havia-as inúmeras pelas redondezas. Nunca, porém, se ouvira dizer que elas chegassem assim tão perto do homem, a ponto de atacá-lo no próprio leito. A luta contra essa espécie de habitantes da floresta fora comum nos primeiros dias da colonização. Onças, jaguares, guaraxains, vinham buscar suas presas nos currais e galinheiros anexos às primitivas residências dos colonos, mas não havia, até então, acontecido caso semelhante ao de Murphy”.

Gustav Rühe e TeKla assim que casaram em 1884, foram morar na região de Massaranduba, conforme o registro de batismo de seus três primeiros filhos.

Se por um lado a proximidade com a floresta podia ser perigosa, por outro podia significar alimentos e uma fonte extra de renda.  A  caça  de "bicho do mato", paca, veado, porco do mato, anta, jacutinga, jacu, macuco que os Rühe vendiam em São Bento do Sul, depois de se mudarem para lá (1896) e  com os quais complementavam a alimentação também.

OS ÍNDIOS (os bugres)

Helena Rühe em seu depoimento, disse que na 
"... Estrada dos Bugres (em São Bento do Sul, nos primeiros anos do séc. XX), os bugres nunca fizeram nada para a família... foram buscar casca de araçá, cedo, ouviram o barulho de passos e as crianças fugiam para casa. Se esqueciam qualquer coisa fora, machado ou (ilegível), os bugres pegavam."


Início da estrada dos Bugres - S. Bentodo Sil - 2012

A questão indígena é bastante recorrente em vários livros e textos sobre a colonização na região sul do país. 




Abaixo um vídeo de 1928 feito por ocasião da passagem de Günther Plüschow pela região de colonização alemã no Brasil, Blumenau inclusive.




Bugreiros eram contratados para afugentar, prender ou matar os índios. Na foto o mais conhecido bugreiro de Blumenau, Martinho Bugreiro,  com sua tropa e vítimas, apenas mulheres e crianças.

Epa ... tinha um sujeito com dor de dente ali !!!


da revista Blumenau em Cadernos

Para saber mais sobre os índios nativos de Santa Catarina, ler a pequisa de Henry Henkels, disponível aqui.

Um caso ocorrido na colônia Dona Francisca em 1873, colonos e índios, leia aqui.

Reportagem de Carol Macário, do Diário Catarinense, aqui. Excelente !!!

Sobre os povos indígenas em SC e no Brasil, https://pib.socioambiental.org/pt/povo/kaingang