A partir de 1840 o café começa a ser cultivado em larga escala no Brasil e passa a ser um dos produtos mais exportados. Nessa época o grande latifúndio dependia exclusivamente da mão-de-obra escrava. Em 1850 foi abolido o tráfico negreiro no Brasil pela lei Eusébio de Queiroz, não se podia mais trazer escravos da África. Os fazendeiros do café passam a comprá-los das Minas Gerais e do sul do país, com isso o preço do escravo triplica. Começa a se pensar em alternativas para suprir a falta da mão-de-obra escrava, e uma das opções foi o sistema de parceria.
Esse
sistema foi adotado no Brasil por iniciativa do Senador Vergueiro e
foi a primeira tentativa de susbtituição do trabalho escravo pelo
trabalho livre. Foi inicialmente implantado em 1847 na fazenda
Ibicaba no oeste paulista. Os colonos eram contratados na Europa e
encaminhados para o Brasil, para as fazendas de café. Vinham apenas
trabalhar, não se tornavam proprietários das terras, as colônias
se formavam dentro das fazendas. Algo similar ao sistema de “meação”
tão conhecido no Brasil de hoje, onde o proprietário entra com as
terras e os trabalhadores com a mão-de-obra e no final os lucros são
divididos.
Em
1852 cinco fazendeiros do Rio de Janeiro optaram pela formação de
colonias de parceria em suas terras, foram eles :
Nicolau
Antônio do Vale da Gama, da Fazenda Indepêndencia
Brás
Carneiro Bellens, da Fazenda Santa Justa
Barão
de Baependi, da Fazenda Santa Rosa
Marquesa
de Valença, da Fazenda Coroas
Fazenda
São Mateus
Essas
fazendas estão localizadas nas região do Vale do Paraíba
fluminense, nos atuais municípios de Valença e Rio das Flores. A
fazenda Santa Justa encontra-se no munícipio de Rio das Flores a 60
km da cidade de Petrópolis. A fazenda Santa Rosa é vizinha da Santa
Justa e fica no mesmo município. Para conhece-las pode-se acessar
o site do Instituto Cidade Viva.
Abaixo sede da fazenda Santa Justa, vista da fachada em 1980, com varanda fechada, raro na época.
Rodovia RJ-151 - 2° distrito - Manuel Duarte - município de Rio das Flores
de baixo para cima na imagem :
Na entrada da fazenda - alamedas de palmeiras com antigos terreiros de café nas laterais
no final da alameda, casa sede da fazenda
tulhas antigas, próximas aos terreiros de café e ao fundo da sede
22°04'05.44"S 43°27'09.44"W
Sobre a fazenda leia mais aqui, a continuação desse post.
Fonte: Antigas fazendas de café da província fluminense |
Respondendo
à vasta propaganda feita na Europa e com “ajuda” dos párocos e
prefeitos chegaram à fazenda Santa Justa em 1852, Raimund Jacobi,
Friedrich Ulhmann e família, Wilhelm Behringer e família. A família
Männchen encaminhou-se para a fazenda Santa Rosa.
Os
colonos contratados tinham os valores dos transportes, de Hamburgo
até o Rio de Janeiro e daí para a fazenda, adiantados pelos
fazendeiros que se comprometiam a adiantar também as despesas para
sua subsistência até que pudessem se manter sozinhos, sobre esses
adiantamentos corriam juros de 6% , chegando a 12% dependendo do
fazendeiro. A família era solidária nas dívidas que eram da
família e não da pessoa, assim se alguém contratado falecesse na
viagem ou antes de pagar sua dívida, a família deveria saldar sua
dívida.
As
fazendas de café eram muito parecidas, tinham a casa-grande (sede e
residência do proprietário), a senzala (para para os escravos), os
canteiros para secagem de café, a tulha para o armazenamento e
próximo a algum riacho a roda-dágua e o moinho para pilagem.
Fazenda Santa Justa - 2011 |
de baixo para cima na imagem :
Na entrada da fazenda - alamedas de palmeiras com antigos terreiros de café nas laterais
no final da alameda, casa sede da fazenda
tulhas antigas, próximas aos terreiros de café e ao fundo da sede
22°04'05.44"S 43°27'09.44"W
Sobre a fazenda leia mais aqui, a continuação desse post.