terça-feira, 19 de junho de 2012

NA COLÔNIA SANTA ISABEL - parte 2

As linhas coloniais de Santa Isabel eram: Primeira Linha Velha (atual sede colonial, rio dos Bugres, Santa Isabel), Primeira Linha Nova (atual Löffelscheid), Segunda Linha Velha (atual Linha Bauer), Segunda Linha Nova, Terceira Linha, Quarta Linha, Quinta Linha (atual Linha Scharf), Sexta Linha (atual Rio Antinhas).


Mapa do prof. Beat Richard - 1° linha
lote de Raimund Jacobi

Johann Jakob von Tschudi, então Ministro plenipotenciário no Brasil pelo Governo da Confederação Helvética visitou o sul do país em 1861. Um de seus objetivos era rever os imigrantes oriundos das fazendas de parceria paulistas e fluminenses, recém instalados em Santa Catarina. O relato dessa viagem foi publicado em 1866.
Uma vez na colônia Santa Isabel, von Tschudi instalou-se na residência de seu acompanhante Phillip Scheitz e em seguida visitou os colonos vindos do Rio de Janeiro. “O caminho para lá, por uma montanha muito ingreme era indiscritivelmente ruim, porém, já se estava trabalhando num novo, mais plano e mais certo”.

Chegando a Santa Isabel, von Tschudi entra em contato com os imigrantes vindos do Rio de Janeiro e conta que a eles “foi assegurada até a primeira colheita, parte em subisídios financeiros , parte em remuneração na construção da estrada. Eu encontrei estas pessoas assaz satisfeitas. Tivessem sido elas recém-chegadas da Europa, assim eu teria com certeza escutado inúmeras reclamações. Estes colonos já estavam acostumados, através de sua anterior situação de parceria, à lavoura brasileira há anos e agora viam no exemplo de seus vizinhos mais abastados, que trabalho e perseverança iriam com o tempo ser bastante. Esta convicção os estimulará nos primeiros anos de carências e dificuldades. Eles estavam muito satisfeitos em terem conseguido uma meta tão grandemente almejada, isto é, de serem donos, livres de suas terras. O solo … embora montanhoso, é muito fertil. Café e cana-de-açúcar não querem crescer mais aqui, arroz, milho, mandioca, batatas, feijão e outros dão por sua vez, excelentes colheitas... o clima é excente e aos alemães bastante propício.”

Na ocasião da visita de von Tschudi era diretor da colônia o sr. Joaquim José de Souza Corcoroca, já seu conhecido, ele escreve que “o detalhe de que o diretor Corcoroca não entendia alemão, não foi empecilho para a comunicação entre eles e os colonos, pois os últimos falavam moderadamente bem o português. Eles não tinham sobre seu diretor nenhuma queixa.”
Essa boa convivência com o diretor Sr. Corcoroca pode ser confirmada, quando em 1862 por ocasião da unificação da colônia Santa Isabel com a vizinha colônia Teresópolis os moradores da primeira firmaram um termo declarando estarem satisfeitos com a administração do Sr. Corcoroca. Assinaram esse termo em 03 de novembro de 1862, entre outros, os colonos Emílio Eger, Carl Männchen e Raimund Jacobi. Mesmo assim, após a unificação a administração da colônia passou ao Sr. Todeschini. O original do documento encontra-se no Arquivo do Estado de Santa Catarina (Florianópolis).


Mapa do prof. Beat Richard - 2° linha
lote de Wilhelm Behringer e alguns filhos

Os católicos,  apesar de serem  em  menor número,  já  haviam  construído uma capela que eventualmente recebia o padre de Santo Amaro para celebrações. Os protestantes também haviam construído uma capela de madeira na década de 1850 em terras do colono Scheidt que duas vezes por ano recebia a visita do pastor Hesse de Blumenau. Em 1860 começaram a construção de uma nova capela, desta vez com tijolos feitos de barro batido pelos pés dos próprios colonos. Em 1861, uma das reclamações que von Tschudi recebeu dos colonos era a falta de pastor e professor. “Todos os colonos .. pediram insistentemente, a fazer o melhor possível, para que o Governo lhes concedesse um pastor e um professor.” Em meados de 1861 a Colônia Santa Isabel recebeu seu primeiro pastor, Carl Wagner, pastor Wagner. A capela existiu até 1931 quando foi substituída por uma nova.


Mapa colônia Santa Isabel (original) - 3° e 4° linha

Os filhos mais velhos de Wilhelm Behringer vieram com família constituída da Fazenda Santa Justa no Rio de Janeiro, alguns já com filhos. O caçula Michael Behringer casou em Santa Isabel em 14.09.1867 e no registro de casamento consta como seus pais Wilhelm Behringer e Maria Hudeln, apesar de Wilhelm ter vindo sem a mulher da Alemanha.

Dos filhos de Wilhelm Behringer que foram para a colônia Santa Isabel,
Elisabeth Behringer e Friedrich Uhlmann tiveram um filho em 20.06.1876 em Blumenau
Friedrike Behringer e Treuhardt Mänchenn tiveram um filho em 19.04.1873 em Blumenau
Theodor Behringer e Eleonor Bergmann tiveram uma filha em 04.08.1872 em Blumenau,
Michael Behringer e Sophie Berlin tiveram uma filha em 1872 em Gaspar

Raimund Jacobi e Marie Louise Behringer tiveram mais cinco filhos em Santa Isabel, além dos dois nascidos na Fazenda Santa Justa:
em 20.11.1861 nasceu Peter Friedrich Christian,
em 05.01.1864 nasceu Marie Tekla,
em 20.04.1866 nasceu Albert Friedrich Theodor,
em 05.06.1868 nasceu Heinrich Christian Theodor,
em 06.09.1870 nasceu Laura Wilhelmine Leonore,
a oitava filha, Marie Therese Lisete, nasceu em 12.03.1873 em Blumenau. Portanto entre 1870 e 1873 Raimund Jacobi transferiu-se para Blumenau.

Em suma, entre 1872 e 1876 todos os filhos de Wilhelm Behringer haviam deixado a colônia Santa Isabel e se estabelecido em Blumenau ou Gaspar (ainda pertencente a Blumenau).

Todos os mapas acima foram cedidos pelo pesquisador José Amaro Quint. O primeiro e o segundo são partes de um  mesmo mapa que está no Arquivo do Estado de Santa Catarina (Florianópolis), o terceiro é parte de um mapa que está na Secretaria de Agricultura de Santa Catarina,