Um grave problema para os mineiros é a silicose, doença pulmonar
causada pela inalação da poeira da silica (particulas cristalinas
do dióxido de silício). A exposição à sílica e ao silicato
acontece em quase todos os trabalhos de mineração, de obras e
túneis. A doença se manifesta de oito a dez anos após a exposição
ao mineral, inicialmente causando cansaço, dor toráxica, tosse e
expectoração. É uma doença crônica, progressiva, irreversível e
ainda hoje incurável.
A
insalubridade, o excesso de horas de trabalho (12 horas ou mais ao
dia), o salário insignificante que não atendia às necessidades
mínimas dos trabalhadores (recebiam quinzenalmente de acordo com a
produção), sem leis para a regulamentação do trabalho, nem
aposentadoria, aumentou o movimento dos trabalhadores mineiros.
A
criação de sociedades de ajuda mútua e sindicatos foi resultado de
muita luta e sacrifícios. As reivindicações dos movimentos
operários eram brutalmente reprimidas, várias vezes com sangue. As
primeiras greves foram particularmente agressivas. Em abril de 1834 a
greve dos passementier e dos mineiros terminou com 6 mortes, a greve
de 1846 com outras tantas sem contar presos e feridos.
Uma
das maiores greves do Loire foi a de 10 de junho de 1869 em Firminy
que reinvidicava principalmente jornada de 8 horas de trabalho. No
dia 16, na aldeia du Brûlé (La Ricamarie) o exército atirou e fez
13 mortos, entre eles uma mulher e uma criança e feriu cerca de 50
pessoas. Estima-se que 18.000 mineiros da bacia do Loire
estavam em greve. Em 26 de junho os mineiros conseguiram sucesso
significativo: jornada de 8 horas para os trabalhadores “du found”
(sub-solo), centralização dos fundos de ajuda e a participação
dos mineiros na gestão desses fundos. Sobre a Fusillade du Brûlé, leia aqui e aqui.
Acervo dos Archives departamentales de la Loire |
Acima fotografia sobre uma placa de vidro tirada durante o incidente de Brûlé, dia 16 de junho de 1869. (19,5 cm. X 14 cm.)
Na
cronologia abaixo estão as leis e fatos mais importantes para o
movimento trabalhista francês:
1791 – lei
que criminaliza as greves
1841 – proibição
do trabalho infantil de menores de 8 anos, limitação de 8 horas
por dia o trabalho de menores de 8 a 12 anos e de 10 horas por dia
para os de 12 a 16 anos
1852 – lei
de salário mínimo
1864 – lei
que termina com o delito da greve
1864 – criação
da Primeira Internacional (Associação Internacional de
Trabalhadores)
1869 a
1871 – greves em numerosas cidades francesas
1870 a
1871 – guerra franco-prussiana
1871 – comuna
de Paris
1873 a
1896 - “grande depression”
1873 - imigração de Jacques Robert e família para o Brasil
1873 - imigração de Jacques Robert e família para o Brasil
1874 – criação
da inspeção do trabalho
1874 – proibição
do trabalho ao menor de 13 anos
Em
1870 o Imperador francês Napoleão III declarou guerra ao Reino da
Prússia, a Guerra Franco-Prussiana. Terminada a guerra e derrotada a França, houve o pagamento
de pesada indenização, o que causou um círculo conhecido: falta
de crédito, falta de consumo, queda de produção, desemprego, queda
de salários …. Essa
crise durou até 1896 e atingiu vários países da Europa e EUA.
Esse
pode ter sido um outro importante motivo da imigração de
Jacques Robert em 1873 para o Brasil: a recessão e a falta de
melhores expectativas. Ou seja, aliada à questão da insalubridade, da saúde e da periculosidade, pelas explosões e desmoronamentos, estava a questão econômica.
O
trabalho nas minas e suas dificuldades, as greves, a vida política e
social dos mineiros do séc. XIX está relatada magistralmente no
livro de Émile Zola, Germinal. Zola nasceu em 1840, portanto é
contemporâneo de Jacques Robert, este nascido em 1842. Germinal foi
lançado na França em 1885 e para escrevê-lo Zola trabalhou alguns
meses em minas de carvão do norte do país (Pas-de-calais) onde
história do livro também se passa entre os anos de 1866 e 1867.
Para ler sobre a relação história e literatura, minas de carvão e Germinal, clique aqui.
Bibliografia e imagens:
http://www.emse.fr/AVSE/mine.htm
http://mineralogica.pagesperso-orange.fr/
http://le-journal-de-charbon.blogspot.com.br/
Baran, Denys – Les sources de l'histoire minière aux Archives départamentales de la Loire, in Documents pour l'histoire des techniques, n° 16, 2° semestre 2008.
gravuras lindíssimas:
http://www.lectura.fr/expositions/promenade/galerie-chapitre8-image1.html
fotos das minas de Pas-de-Calais (norte da França):
http://www.youtube.com/watch?v=g1xD6_NDmdI&feature=related
http://www.emse.fr/AVSE/mine.htm
http://mineralogica.pagesperso-orange.fr/
http://le-journal-de-charbon.blogspot.com.br/
Baran, Denys – Les sources de l'histoire minière aux Archives départamentales de la Loire, in Documents pour l'histoire des techniques, n° 16, 2° semestre 2008.
gravuras lindíssimas:
http://www.lectura.fr/expositions/promenade/galerie-chapitre8-image1.html
fotos das minas de Pas-de-Calais (norte da França):
http://www.youtube.com/watch?v=g1xD6_NDmdI&feature=related