Jacques Robert, o pai dele Antoine Robert, o pai do pai dele André Robert .... enfim, a família Robert desde muito trabalhou em minas de carvão na França.
O carvão é utilizado na França desde o séc. XIV. A bacia produtora de carvão de Saint-Etiènne abrange uma área de 22.000 ha. entre o Rive-de-Gier a leste e Firminy a oeste. A exploração começou a leste por Rive-de-Gier em 1750 se estendendo a oeste no séc. XIX. Em 1820 eram 40 empresas mineradoras, algumas se fundiram e formaram a Compagnie des mines de la Loire em 1837, em 1854 Napoleão III dividiu essa gigante em 4 empresas, em 1913 haviam 17 empresas, em 1935 eram 11, em 1946 todas foram nacionalizadas, em 01 de julho de 1983 o último poço parou de funcionar, o poço Pigeot em La Ricamarie.
O carvão é utilizado na França desde o séc. XIV. A bacia produtora de carvão de Saint-Etiènne abrange uma área de 22.000 ha. entre o Rive-de-Gier a leste e Firminy a oeste. A exploração começou a leste por Rive-de-Gier em 1750 se estendendo a oeste no séc. XIX. Em 1820 eram 40 empresas mineradoras, algumas se fundiram e formaram a Compagnie des mines de la Loire em 1837, em 1854 Napoleão III dividiu essa gigante em 4 empresas, em 1913 haviam 17 empresas, em 1935 eram 11, em 1946 todas foram nacionalizadas, em 01 de julho de 1983 o último poço parou de funcionar, o poço Pigeot em La Ricamarie.
Diferente
das outras regiões da França e talvez do mundo, a extração de
carvão em Saint-Etiènne era urbana, os poços estavam localizados
dentro da cidade. Atualmente é difícil localizar os 192 poços
existentes, somente pelos nomes das ruas e regiões. Apenas um poço continua visível, é
o Puit Couriot onde está instalado o Museé de Mines de
Saint-Étienne, com seus grandes montes de entulhos (“crassiers”)
ao lado.
Para conhecer todos os poços de Saint-Etiènne, clique aqui.
Para visualizar um mapa com todas as minas de Saint-Etiènne, clique aqui.
“Olhava e começava a distinguir cada parte da mina: o galpão onde o carvão é peneirado, a torre do sino do poço, a grande casa da máquina da extração, a torre da bomba d'água. Para ele, essa mina parecia um animal feroz pronto para devorar o mundo.” (Emile Zola, Germinal)
As minas tinham o trabalho de superfície e o trabalho no fundo. Na superfície era mais leve e para “privilegiados”, incluía entre outras coisas o trabalho com carregamento, seleção e armazenamento do carvão, o trabalho com equipamentos e o trabalho com as lampadas na” lampesterie”.
Cartão postal enviado por Joseph Robert a seu irmão Antônio - 1916 |
“Olhava e começava a distinguir cada parte da mina: o galpão onde o carvão é peneirado, a torre do sino do poço, a grande casa da máquina da extração, a torre da bomba d'água. Para ele, essa mina parecia um animal feroz pronto para devorar o mundo.” (Emile Zola, Germinal)
Fonte: coleção Thesouro da Juventude, vol.3, s/data |
As minas tinham o trabalho de superfície e o trabalho no fundo. Na superfície era mais leve e para “privilegiados”, incluía entre outras coisas o trabalho com carregamento, seleção e armazenamento do carvão, o trabalho com equipamentos e o trabalho com as lampadas na” lampesterie”.
Cada
mineiro possuia sua própria lampada marcada com suas iniciais e que
deveria ser deixada na sala das lampadas para limpeza e manutenção.
Essas lampadas eram de fundamental importância para a vida dos
mineiros.
Lâmpada modelo de Saint-Etiènne meados do séc. XIX |
“Como
os mineiros viviam em contato direto com o gás grisu, nem sentiam
mais o peso das pálpebras. Às vezes quando a luz do lampião
enfraquecia e tornava-se azulada, um mineiro colava o ouvido contra o
veio e escutava o ruído do gás, o ar que borbulhava nas fendas. Mas
a principal ameaça eram os desabamentos, pois o problema não estava
só na pequena quantidade de escoramentos, e sim no terreno, que se
encontrava minado de água”. (Emile Zola, Germinal)
No interior das minas emana o grisu, gás composto principalmente de metano e altamente explosivo. A “coup de grisu” é a explosão causada por chamas e faíscas. Para evitá-la as lanternas dos mineiros no séc. XIX tinham a chama protegida por uma tela, o ar ao redor não entra em contato com a chama.
“... lembrava-se das histórias que o avô contava, da época em que não havia elevadores nas minas e as crianças de dez anos carregavam o carvão nas costas, subindo escadas sem corrimãos.” (Emile Zola, Germinal)
A
altura das galerias variava, as principais tinham entre 2 e 2,5m.,
para possibilitar a manobra de equipamentos e transporte dos
vagonetes cheios, as adjacentes iam diminuindo, chegando a uma altura
tão pequena que as lampadas (de 30 cm.) tinham que ficar
inclinadas.
No interior das minas emana o grisu, gás composto principalmente de metano e altamente explosivo. A “coup de grisu” é a explosão causada por chamas e faíscas. Para evitá-la as lanternas dos mineiros no séc. XIX tinham a chama protegida por uma tela, o ar ao redor não entra em contato com a chama.
O
grisu e a poeira combustível, conhecida como "poussiers"
eram o maior temor dos mineiros e causa de muitos acidentes em
Saint-Étienne. O período de 1860 e 1890 foi o das grandes
catástrofes na bacia do Loire, os acidentes mais significativos
foram :
- em
08 de dezembro de 1871 uma explosão no poço Jabin deixou 72 mortos
- em
04 de fevereiro de 1876 o mesmo poço Jabin em nova explosão deixou
186 mortos
- em
março de 1887 são os poços Châtelus I e Culatte que explodem e
deixam 79 mortos
- em
julho de 1889 é a explosão do poço Verpilleux n°1 que deixa mais
de 200 mortos e toda a parte leste de Saint-Étienne em chamas, no
mesmo mês mais um poço explode, o poço Neuf e deixa mais 25
mortos
- em
29 de julho de 1890 explode o poço Pélissier e 113 mineiros não
retornam
- em
dezembro de 1891 o puits de la Manufacture deixa 60 mortos
- em
julho de 1899 outra explosão no Pélissier deixa 48 mortos
O
trabalho no fundo das minas, era feito pelo “mineur de fond”, era
o que expunha o trabalhador a mais riscos e a maior desgaste físico.
Os poços se abriam em túneis, cada vez mais fundos pelo esgotamento
dos veios. Os túneis chegavam a 500, 600 metros de profundidade,
quanto mais fundos, mais instáveis, quentes e cheios de grisu.
“Eu não tinha oito anos quando comecei, e agora tenho cinquenta e oito. Fiz de tudo lá embaixo, puxei e carreguei vagonetes com carvão e durante dezoito anos fui britador. Então, por causa das minhas pernas, me puseram para aterrar, dessaterrar, fazer consertos até o dia em que me tiraram lá de baixo por ordem do médico. E há cinco anos sou carroceiro. Que tal ? Cinquenta anos de mina e quarenta e cinco lá no fundo !” (Emile Zola, Germinal)
“Eu não tinha oito anos quando comecei, e agora tenho cinquenta e oito. Fiz de tudo lá embaixo, puxei e carreguei vagonetes com carvão e durante dezoito anos fui britador. Então, por causa das minhas pernas, me puseram para aterrar, dessaterrar, fazer consertos até o dia em que me tiraram lá de baixo por ordem do médico. E há cinco anos sou carroceiro. Que tal ? Cinquenta anos de mina e quarenta e cinco lá no fundo !” (Emile Zola, Germinal)
“... lembrava-se das histórias que o avô contava, da época em que não havia elevadores nas minas e as crianças de dez anos carregavam o carvão nas costas, subindo escadas sem corrimãos.” (Emile Zola, Germinal)
Fonte: coleção Thesouro da Juventude, vol.3, s/data |
Dentro
das minas, na superfície e no sub-solo, também trabalhavam
mulheres e crianças. Até 1841 era possível encontrar crianças com
menos de oito anos de idade trabalhando, somente em 1874 é que o
trabalho de menores de 13 anos foi proibido (Jacques Robert já estava no Brasil com a família).
Não
se pode deixar de mencionar a tração animal (cavalos ou pôneis)
usada nas minas tanto na superfície quanto no subsolo, o último
cavalo em galerias francesas terminou seu trabalho em 1969.
Para conhecer as técnicas construtivas de minas, túneis, terrenos, rochas, segurança, ferramentas, gases. etc ... clique http://www.geopedia.fr/mines-techniques.htm
Continua ....
Continua ....