"Família dos barões Drammis - (da Itália) - Chefe atual - Barão Salvatore Drammis, oficial de SS Mauricio e Lázaro - condecorado com a medalha do Mérito Militar - Membro da Sociedade Economica de Catanzaro."
"A família Drammis descende do Coronel Salvatore Drammis, que foi para a Itália quando da entrada dos espanhóis nesse país. Ele aí se estabeleceu e adquiriu as terras de Fota bem como o baronato que cabia as mesmas."
"Todos os descendentes de Salvatore Drammis se distinguiram pelas suas virtudes sociais, sua inteligência e seu patriotismo."Os 3 primeiros parágrafos do texto são parte de uma pequena introdução. Depois o texto apresenta, em apenas um parágrafo, Nicola Drammis (1779-1830), e o restante se estende principalmente sobre Salvatore Drammis (1806-1884), pai de Antônio Drammis.
Quando fala sobre o Chefe atual, o texto esclarece que foi escrito no tempo do Barão Salvatore Drammis, pai de Antônio, Barão entre entre os anos 1830 e 1884. Segundo o pesquisador Luigi Santoro, o texto foi escrito em 1864.
O Coronel Salvatore Drammis, a que se refere o segundo parágrafo do texto, provavelmente não é o Salvatore pai de Antônio, já que este nasceu, viveu e faleceu na Itália, veja na árvore acima.
Entre 1503 e 1707, a Calábria esteve sob domínio espanhol. Entre 1707 e 1734 sob domínio austríaco. Entre 1734 e 1860 esteve sob domínio dos Bourbon, com domínio francês entre 1806-1816. Daqui. O atual rei da Espanha, Felipe VI, é o chefe da Casa de Bourbon de Espanha.
Outro ponto que não pode ser esquecido sobre a "entrada dos espanhóis nesse país" é a diáspora de judeus sefarditas (espanhóis) ocorrida entre os sécs. XV e XVII para a península italiana, leia aqui.
A última frase deste trecho, "Ele aí se estabeleceu e adquiriu as terras de Fota bem como o baronato que cabia as mesmas", nos sugere algumas perguntas, que tentaremos responder: Que terras seriam essas, quando teriam comprado, que atividade exerciam antes de serem latifundiários e como teriam comprado essas terras.
Fota e San Leone são terras que, atualmente, pertencem ao municipio de Scandale.
"De acordo com documentos obtidos por vários historiadores, Fota estava na posse do Barão Nicholas Pietro Cutro ... em 1772. Mais tarde ele vendeu as terras para Raffaelle del Fiore em 1798 que teve posse definitiva em 1801. San Leone ... em 1743, era posse do Príncipe Pier Mathia Gruther." Daqui.No início do séc. XIII as terras de San Leone pertenciam ao feudo da família Pristera, no final do séc. XIII, juntamente com as terras de Scandale, era parte do feudo dos irmãos Berlingerio e Giordano Sanfelice.
Nessas terras, levantou-se, em data não conhecida, uma pequena igreja, Diocese de San Leone, anteriormente conhecida como Leonia. Ela foi fundada pelos bizantinos e elevada a bispado pelo patriarca de Constantinopla. Da igreja de San Leone desapareceram até as ruínas.
Em San Leone, próximo à antiga estrada que ligava Scandale e Crotone, o Barão Nicola Drammis construiu, na primeira metade do séc. XIX, um palazzo, e à direita do portão, no muro, colocou uma pequena placa, que dizia:
"Fermati e versa lacrime
Leonia que fu
attento, attento, mirala
ah! la ravvisi tu ?
Si,si,Nicola Drammis
l'ombra ne rinnovò"
Acima a entrada da Fazenda Leonia na colina Galloppa perto de Scandale, construída pelo Barão Nicola Drammis sobre as ruínas da Diocese San Leone, na primeira metade do séc. XIX. Foto daqui. Mais sobre a Diocese San Leone aqui e aqui.
Em data não conhecida, a família Drammis, empobrecida, passou as terras de Leone-Galloppa para o Barão Zurlo de Crotone, a quem pertencem ainda hoje, leia aqui
Quando o Barão comprou essas terras ?
Desde os últimos anos do séc XVIII, Napoleão Bonaparte tentava aumentar seus domínios na Europa. Em 1806, após já ter tomado o norte da Itália, sua Armée marchou sobre o Reino de Nápoles. Quer saber mais ? Clique aqui.
"Em 15 de fevereiro (de 1806), de fato, Joseph Bonaparte, irmão mais velho de Napoleão, entrou em Nápoles comandando um Corpo da Armée franco-italiana (com soldados do norte da Itália, já dominado) que depois de derrotar as tropas de Bourbon (do anterior Rei de Nápoles, Ferdinand IV) em Campo Tenese, tomou posse de toda parte continental do Reino (excluindo-se a Fortaleza de Gaeta, a cidadela de Tronto e o extremo sul da Calábria, que continuaram resistindo ao assédio francês por muito tempo)." Daqui.
Em 26 de Julho de 1806, a cidade de Scandale respondeu negativamente ao pedido de provisões feitas pela Armée francesa comandada pelo general Reynier. Este último, enviou a cavalaria e infantaria sob o general Berthier saquear a cidade. A cidade foi incendiada, segundo Reyner, pelos próprios scandaleses (essa prática era comum para evitar os saques e principalmente a alimentação dos soldados inimigos). No confronto que se seguiu, 25 scandaleses morreram e um número desconhecido de soldados franceses.
Joseph Bonaparte, o novo Rei de Nápoles, decretou o fim do feudalismo. A partir daí a família Gruther, senhores de Scandale desde 1691, perdeu todos os bens, surgindo a oportunidade da família Drammis comprar as terras, formando o seu primeiro latifúndio.
Joseph Bonaparte, o novo Rei de Nápoles, decretou o fim do feudalismo. A partir daí a família Gruther, senhores de Scandale desde 1691, perdeu todos os bens, surgindo a oportunidade da família Drammis comprar as terras, formando o seu primeiro latifúndio.
" .... a hipótese é que Drammis tenha comprado essas duas propriedades (Fota e San Leone-Galloppa) no início do séc. XIX por um preço vantajoso."
Para comprar um latifúndio é necessário dinheiro, mas quem tinha dinheiro naquela época, além da nobreza não falida ?
2. Depois os burocratas monárquicos, altos funcionários que atendiam a nobreza.
3. Por mais incrível que possa parecer, alguns camponeses livres, assalariados, que recebiam o pagamento em dinheiro e vendiam o excedente de sua produção pessoal em feiras.
4. O texto que estamos explorando, diz que "A família Drammis descende do Coronel Salvatore Drammis", provavelmente ancestral de Nicola Drammis (1779-1830). A familia teria algum vínculo com a vida militar ? (A pesquisar).
5. Existiu uma outra possibilidade de enriquecimento de scandaleses no final do séc. XVIII. Numa sucessão sem fim de copia-cola, vários sites nos contam que ...
"Essendo il paese filoborbonico, nel 1799 gli scandalesi furono i primi ad unirsi all'essercito della santafede del Cardinale Fabrizio Ruffo: dopo aver assaltato Crotone, molti lo seguirono fino a Napoli"ou então
"nel periodo della spedizione del Cardinale Fabrizio Ruffo, nella primavera del 1799, gli scandalesi furono molto attivi sia nell'assedio di Crotone,che nella confisca dei beni dei cosidetti giacobini. A queste confische risale l'arricchimento di molte famiglie scandalesi".Resumidamente, Napoleão Bonaparte invadiu a península itálica até o sul e empurrou o Rei de Nápoles, Ferdinand IV, para a Sícilia. Na Sicília, o Cardeal Fabrizio Ruffo, pró Ferdinand, organizou um exército, atravessou o Canal de Messina, foi arregimentando voluntários, em sua maioria camponeses, chegando a ter 25.000 homens. Invadiu, saqueou e retomou Crotone e começou uma bem sucedida reconquista de Nápoles. Tudo bem que durou pouco tempo, em 1806 Napoleão tinha tudo novamente dominado.
Esse, um resumo da história do Cardeal Fabrizio Ruffo e de como alguns scandelesi enriqueceram saqueando a Crotone francesa.
Enfim, o que será que faziam os Drammis antes de serem latifundiários ??
Concluindo, os primeiros Drammis chegaram à Calábria antes de 1743, provavelmente no séc. XVII, Pelas datas apresentadas, adquiriram as terras de Fota e San Leone, e o consequente baronato, apenas no início do séc. XIX, provavelmente após 1806, algumas gerações depois de terem chegado. O comprador e primeiro Barão deve ter sido Nicola Drammis (marido de Domenica Orsini). Foram proprietários dessas terras por todo o séc. XIX.
Mas de onde teriam vindo ?? De que parte da Espanha ?? Não descobri, a pesquisar. Minha avó Luiza, tem um pé na Espanha pelo lado de sua mãe Agnesa e também pelo lado de seu pai Ernesto !! :D
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