terça-feira, 31 de dezembro de 2013

AU REVOIR, JACQUES ET MARIE LOUISE


Je vous remerci.

Jacques Robert faleceu em Curitiba no dia 02 de junho de 1907, com 64 anos de idade, vítima de câncer do estomago. Cartório do Bacacheri, registro 14.408, folha 35, veja aqui.


Jornal A República, Curitiba 13 de junho de 1907, ed. 139, pg.2, aqui. No mesmo anúncio, duas ocorrências da família, o nascimento da neta Lydia e o falecimento de  Jacques.


Diário da Tarde, 3 de junho de 1907, aqui

O assentamento do óbito foi feito no cartório do Bacacheri, Ele deixou bens a inventariar, provavelmente o lote no Bacacheri. O inventário foi aberto na 1ª Vara Cível em Curitiba, acredito que esteja no Arquivo Judicial na av. Marechal Floriano, bairro da Vila Hauer. (a pesquisar, se for buscar pelo inventário, procure na 2ª Vara também).




Jornal A República, Curitiba 08 de julho de 1907, ed. 153, pg.2, aqui.

Marie Louise faleceu dia 03 de outubro de 1925 em Curitiba, com 82 anos de idade, vítima de arterio esclerose. Ela era viúva de Jacques há 18 anos, seu filho mais velho, Leonard, já havia falecido (1907), o segundo, Joseph, estava na França ou em Cerro Azul, e o filho Antônio, meu bisavô, também já tinha falecido (1923). O óbito foi declarado pelo meu avô, Fernandes Robert.
Marie Louise faleceu na casa de Antônio, provavelmente cuidada pela nora Helena Gerber, na rua Silva Jardim 171. 
O assentamento do óbito foi feito no 1° cartório de Curitiba, centro, registro 33.789, folha 176 verso, veja aqui.

Tanto Jacques quanto Marie Louise foram sepultados no cemitério municipal do bairro São Francisco em Curitiba, entrando pela rua principal, depois da pracinha, 2ª ou 3ª rua a esquerda.



terça-feira, 24 de dezembro de 2013

BIBLIOGRAFIA

A pesquisa sobre os Robert na estrada de ferro precisa ser ampliada. Para saber coisas como, quais Robert efetivamente trabalharam na Estrada de Ferro, quando, onde, que atividades exerciam, quais as condições de trabalho, salários e pagamentos, possíveis acidentes e doenças de trabalho, como era o dia a dia, ....

Existe um extenso material sobre a construção em si, parte técnica, engenharia, etc e praticamente nada sobre a vida dos empregados.

Não consegui descobrir onde estão os documentos dos empregados mais antigos da ferrovia. No Museu Ferrovário, não encontrei nada, tampouco na Inventariança da RFFSA ou no Arquivo Público do Paraná. Talvez estejam no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, talvez.

BIBLIOGRAFIA:

Cincoentenário da Estrada de Ferro do Paraná 1885-1935, publicação comemorativa da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina.

Cordova, Dayana e outros - Pelos trilhos, paisagens ferroviárias de Curitiba, disponível on-line aqui

Fenianos, Eduardo Emílio - Rebouças: o bairro harmonia,

Ferrovia Paranaguá-Curitiba, 1885-1985, uma viagem de 100 anos, edição comemorativa do centenário da Estrada de Ferro do Paraná, RFFSA, Superintendência Regional-Curitiba, 1985.

Fonseca, Ricardo M. e outro - A greve geral de 17 em Curitiba: Ibert, 1996.

Gerodetti, João Emílio e outros - As ferrovias do Brasil nos cartões postais e álbuns de lembranças, disponível on-line, parte, aqui.

Habitzreuter, Rubens - A Conquista da Serra do Mar, Curitiba : Pinha, 2000.

Kroetz, Lando Rogério - As estradas de ferro do Paraná 1880-1940, Tese de doutoramento da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1985, disponível on-line aqui.

Lamounier,Maria Lucia - Ferrovias e mercado de trabalho no Brasil do séc. XIX, São Paulo, Edusp,

Maravalhas, Jorge - Estrada de Ferro do Paraná,  Curityba :Typ da Livraria Economica, 1903

SITES INTERESSANTES;









terça-feira, 17 de dezembro de 2013

FERNANDES ROBERT E AS OFICINAS FERROVIÁRIAS


Em 1903, o autor Jorge Maravalhas diz sobre as primeiras oficinas da Estrada de Ferro, que existiam desde 1885 :

"As oficinas da Estrada de Ferro do Paraná acham-se instaladas em Curitiba, e servem a um tempo, às duas linhas - Paranaguá - Curitiba e Prolongamentos e Ramais.
Constam de 3 galpões de madeiras contíguos, em que funcionam as oficinas de reparações de máquinas, de carpintaria e marcenaria, e um, em separado, de forjas para fundição, onde funciona a oficina de ferraria.
São bem montadas e dispõem dos mais modernos maquinismos de modo que nenhuma precisão tem a E. de F. do Paraná de outras oficinas para a execução de seus trabalhos de reparação, quer fixo, quer rodante, confeccionando mesmo aí, muitas peças de maquinismo e ferramentas , que são em geral importadas do estrangeiro pelo comércio. O motor empregado nas oficinas é a vapor de força de 40 cavalos".


A foto acima deve ter sido tirada no ano de 1915, aproximadamente, na entrada de uma das oficinas da estrada de ferro em Curitiba, veja o vagão dentro do barracão, ao fundo. Nela estão:
1. Antônio Robert e,
2. Fernandes Robert, seu filho.

Nesta foto abaixo, também de 1915, a estação ferroviária de Curitiba, do lado esquerdo a praça Eufrásio Correia e a avenida Sete de Setembro, do lado direito as oficinas. Do livro de Eduardo Emílio Fenianos, Rebouças: o bairro da harmonia.


As oficinas da estação ferroviária possuiam galpões para: fundição e ferraria, montagem e reparação de locomotivas, reparação de carros e vagões, pintura, depósito de madeira e serraria, um galpão aberto também para reparos, além de casa de força e compressores.

Segundo o autor Rubens Habitzreuter: "O grau de sofisticação das máquinas instaladas nas oficinas era motivo de extrema admiração dos visitantes. Máquinas de aplainar ferro, limadoras, de corte e furo, tornos  grandes para rodas de locomotivas e vagões, forjas, serra-fita e forno".

Abaixo, foto das oficinas em 1905, da Coleção da prof.  Júlia Wanderley, daqui.




De 3 barracões as oficinas passaram a contar com 5, veja a maquete abaixo, do Museu Ferroviário. Desde 1997 resta apenas parte do prédio principal da estação ferroviária, que pertence ao atual Shopping Estação em Curitiba, as demais dependências da antiga estação foram demolidas.

Maquete da década de 1930, autor eng° W. Niess

Em 1917, ocorreu a primeira grande greve no Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, ....

"A carestia e o alto custo de vida foram fatores decisivos na eclosão da greve ... A 1ª guerra mundial, a que o Brasil ainda não tinha entrado, também deixava reflexos nos preços dos alimentos, pela política adotada pelo governo de voltar-se mais ao mercado externo." (Fonseca, pg. 66)

Ou seja, o fornecimento de alimentos para a Europa provocou essa carestia, ouça aqui e leia sobre o tio de Fernandes na IGG aqui.

 Jornal A República, dia 20 de julho de 1917, ed. 169, daqui.


"Hontem mesmo noticiamos terem adherido ao movimento paredista todos os operários das Officinas da Estrada de Ferro.
Hoje um dos nossos companheiros conversando com um dos funccionários mais graduados da Estrada foi scientificado que a Directoria do mesmo consentirá com o maior agrado em conceder licença a todos os seus operários que quizerem tomar parte nos comícios actuaes e que todos aquelles que quizerem voltar ao serviço poderão fazel-o quando bem entenderem.
- Quando o trem da tabella, da linha Norte-Paraná hontem às proximidades da fábrica Mimosa, no kilometro 2, avultado número de grevistas fez parar o comboio.
O chefe do trem porém com modos suasorios, conseguiu que os grevistas consentissem no prosseguimento da viagem, chegando o comboio a cidade sem mais novidades.
Hoje pela manhã corriam boatos insistentes de que os grevistas tinham impedido a sahida de trens desta Capital.
Scientificando do caso na própria Estação, soubemos não ter o mínimo fundamento, pois todos os comboios sairam nas horas certas do horário."

Os empregados ferroviários, como Antônio e Fernandes Robert, estavam lá !!


Fotografia de passeata na atual rua des. Westphalen, em Curitiba,  em 1917 - da coleção Júlia Vanderley, da Biblioteca Nacional.
Para mais sobre as causas da greve e as exigências dos operários em Curitiba, clique aqui.
Para saber sobre a greve no Brasil, clique aqui e aqui.

Foi nas oficinas da ferrovia que meu avô Fernandes Robert, aprendeu o ofício de torneiro mecânico. Nelas trabalhou até 1920, quando foi para o serviço militar.

Antônio Robert faleceu em 1923 e provavelmente trabalhou nas oficinas até o fim da vida.

Em 1949 elas foram transferidas para o bairro Capão da Imbúia, Vila Oficinas em Curitiba.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ANTÔNIO ROBERT NA ESTRADA DE FERRO

Em 1880, quando teve inicio a construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá, Antônio Robert estava com apenas 5 anos de idade. Os meninos começavam cedo a trabalhar na estrada (meu avô Fernandes começou com 13 anos), então provavelmente Antônio foi para a estrada de ferro aproximadamente em 1890.



Jornal A República, Curitiba, 13 de setembro de 1890, pg.4, ed. 213, aqui.

Em 1900, com certeza, Antônio Robert já estava trabalhando na ferrovia, veja no seu registro de casamento, aqui.

Em 1882 a "Compagnie Générale de Chemis de Fér Brésiliens” recebeu a concessão para construção de mais alguns trechos. Mas realizou apenas parte do que foi concedido, o prolongamento Curitiba-Ponta Grossa e mais os ramais de Rio Negro e Porto Amazonas.

Em 1887 começou a construção  do ramal entre Morretes e Antonina com 16 km., inaugurado em 1892, hoje dasativado.

Em 1890 foi inaugurado o trecho Curitiba-Serrinha

Em 1891 Serrinha-Lapa

Em 1892 Morretes-Antonina

Ainda em 1892 o trecho Serrinha-Restinga Seca


Ponte dos Arcos, sobre o rio dos Papagaios,
entre os trechos Serrinha-Tamanduá


Em 1894 Lapa-Rio Negro

Provavelmente na abertura desses trechos trabalhou Jacques Robert e em parte deles o filho Antônio.



O mapa acima é dos trechos ferroviários no Paraná em 1898, da Revista Brasileira de Geografia, n° 16, ano 1954. Para mais informações clique aqui e aqui.

A partir de 1893 começou a construção da segunda malha ferroviária, e a entrega dos trechos:

Em 1905 Ponta Grossa-União da Vitória (Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande).

Em 1908 Ponta Grossa-Itararé

Em 1909 Curitiba-Rio Branco

Jacques Robert trabalhou na ferrovia de 1880 até 1907, ano de seu falecimento.

Seu filho, Antônio Robert, trabalhou nas oficinas ferroviárias e talvez tenha trabalhado abrindo trechos, também. Não sei exatamente por quanto tempo trabalhou em cada uma dessas duas atividades especificamente. Sei apenas que em ~1915 ele estava nas oficinas.

IMPORTANTE: Existia uma foto na casa de minha avó Estela, mulher de Fernandes Robert, em que apareciam Jacques e outros Robert com pás e enxadas trabalhando na abertura de ferrovia. Não sei onde está essa foto, parece que ela deu para alguém. Se você souber, por favor, consegue arrumar uma cópia ?? ....


Estação Ferroviária - Curitiba - Pç Eufrásio Correa - 1907 - daqui




terça-feira, 3 de dezembro de 2013

JACQUES NA ESTRADA DE FERRO CURITIBA-PARANAGUÁ

Segundo a tradição familiar, Jacques Robert teria trabalhado na construção da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, que liga o primeiro planalto ao litoral, cerca de 100 km. de distância.

Como já citado, não foram encontradas referências ao sobrenome Robert na Inventariança da RFFSA. Jacques Robert, filhos e netos, provavelmente foram empregados na "Société Anonyme de travaux Dyle et Bacalan", na "Compagnie Générale de Chemis de Fér Brésiliens”, em alguma empreiteira ou sub-empreiteira.

A construção da estrada foi dividida em três frentes de trabalho, iniciadas quase simultaneamente em 1880. Não se sabe em qual ou quais destes trechos Jacques Robert trabalhou.
Posso palpitar ? Pela atividade profissional de Jacques Robert na França, mineiro, acho grande a probabilidade dele ter trabalhado na abertura de túneis, já que esse profissional era bastante requisitado para esse trabalho também nas ferrovias. "A falta de mineiros, por exemplo, aparecia com frequência entre as queixas dos engenheiros". Lamounier, M.L. - Ferrovias e ..., pg. 187. Cabendo-lhe, então, o segundo trecho da obra. Palpite dado.
Mapa do segundo trecho - mapa completo e mais informações aqui

A primeira frente com 42 km entre Paranaguá e Morretes era “alagadiça, insalubre e cheia de manguezais”, foi inaugurada em 17 de novembro de 1883.


cicatrizes na serra provocadas pela construção da estrada, a esquerda viaduto do Carvalho

O segundo trecho com 38 km, entre Morretes e Roça Nova , a transposição da Serra do Mar, o trecho de construção mais difícil e desafiador, “maravilhosa obra, que sem dúvida, é a glória da engenharia brasileira”.


Foto daqui

Abertura do túnel 1 no Pico do Diabo, foto daqui

detalhe

Corte no Cadeado, essa foto e a anterior do blog de Paulo José da Costa

O terceiro e último trecho, já no planalto curitibano.


Piraquara, no planalto curitibano

A construção da ferrovia teve início com o levantamento topográfico. A seguir pela abertura da picada pela mata atlântica, pelo desmatamento propriamente dito, destocamento, terraplanagem com cortes e aterros, transposição de bueiros, pontes e pontilhões. Por último a colocação de dormentes e trilhos.

Começou com 4.000 homens, mas logo foram contratados outros 5.000, num total de 9.000 homens. Pelas adversidades do clima e geografia, pelo calor e umidade, pelos pântanos e serras, pelas doenças endêmicas como febre amarela, tifo e malária, pelos acidentes, 1/3 desse total estava sempre  recuperando a saúde.

A maioria deles morava em Curitiba e eram lavradores, como Jacques Robert.

A estrada inteira foi entregue ao tráfego regular dia 05 de fevereiro de 1885, cinco anos após o início de sua construção.

Sua extensão  é de 110,915 km., possui várias obras de arte, entre elas 15 tuneis, 28 pontes metálicas e 4 viadutos, de onde se destaca a ponte São João, a mais conhecida com 4 vãos e altura de 55 metros, o Viaduto Carvalho, assentado sobre 5 pilares de alvenaria na própria rocha e com 5 vãos e o Túnel Roça Nova com 457 metros de comprimento.

Um pouco sobre a vida dos trabalhadores na construção, leia aqui.

Sobre as fotos: Em 1883, Marc Ferrez fotografou a ferrovia Curitiba-Paranaguá durante sua construção. Esse pequeno album com 14 fotos foi presenteado ao Imperador D. Pedro II e faz parte da Coleção Thereza Cristina da Biblioteca Nacional. Para ver essas lindas fotos clique aquiaqui e aqui.

Outras lindas fotos, do fotografo Artur Wischral, do ano de 1929, clique aqui.


Quatro álbuns fotográficos da estrada em épocas diferentes, Ferres, Kopf, Wischral e Hegenberg, clique aqui.

Site muito legal sobre a construção da estrada, com muitas informações e fotos, aqui.

Quer passear nessa ferrovia ? Atualmente a concessão é da ALL, a responsável pelo passeio turístico é a Serra Verde Express.

Viaduto do  Carvalho, daqui