terça-feira, 29 de maio de 2012

COLÔNIAS DE PARCERIA - parte 2

As fazendas que optaram pelo sistema de parceria deveriam ter  as casas para os colonos (colonia), mas quando chegaram à fazenda Santa Justa a maioria deles foi alojada em barracas, pois nem todas as casas estavam prontas. As casas teriam quatro cômodos, sendo uma cozinha mais três peças, seriam casas “bem pintadas e cobertas de telha”.

No navio Lorenz em 1852 vieram 185 colonos em 30 famílias para trabalharem na Fazenda Santa Justa. Em 1860 já eram 141 colonos em 35 “fogos”, cinco casas a mais. Muitos já haviam abandonado a fazenda enquanto outros casaram e constituiram família, como por exemplo Marie Louise e Raimund Jacobi que tiveram dois filhos nesse período. O capitão do navio Lorenz, sr. L. Saabye conta que os imigrantes que vieram no seu navio “moram todos juntos numa pequena área. No total estão alojados mais de 600 cabeças para as quais serão contratados um religioso e um professor”. Contudo, o inventário realizado pelo Instituto Cidade Viva não localiza as casas dos colonos na Fazenda Santa Justa, apenas uma casa de colono aos fundos da sede. O pastor e o professor jamais foram contratados, os sacramentos religiosos eram dados pelo pastor de Petrópolis em visita periódica às fazendas.

É difícil calcular o números de escravos durante a existência das colonias de parceria (1852-1861). Sabe-se que em algum período entre 1862 e 1872 a fazenda chegou a ter 2.000 escravos e que em 1872 tinha 167 cativos.
Escravos e colonos alemães não se encontravam durante a jornada, não trabalhavam juntos. Mas conta Johann Kühl que “o que nos chamou imediatamente a atenção, e do que não gostamos, foi a visão de três negros amarrados por correntes a um tronco. Nós estávamos entre escravos.”

Marc Ferrez, terreiros da fazenda Cachoeira Grande, de Rio das Flores-RJ

Os negros tiveram um tratamento muito pior para suportar... Estes deviam colher diariamente a sua quantia estipulada de café, caso contrário, eram agredidos ou não receberiam comida. Para os castigos eram escolhidos alguns mulatos bem fortes que amarraram fortemente suas vítimas e com todo ódio os açoitavam. Nós podíamos assistir a tudo, já que as nossas malocas ficavam ao lado da dos negros; o nosso lado era separado dos negros apenas por uma cerca de estacas.”

Marc Ferrez - 1885 - escravos em fazenda de café

O trabalho dos colonos nas fazendas de café consistia principalmente na colheita dos grãos de café, mas também em alguns casos na derrubada e queimada da mata e por fim na semeadura dos grãos. Em 1822 o viajante Saint-Hilaire conta que “quando alguém quer fazer uma plantação nova de café abstem-se de colher os frutos de um cafezal velho, estes caem no chão, aprodrecem … germinam”, o plantio de mudas é de período posterior. A colheita e o beneficiamento era a parte mais complicada, que incluia secagem, peneiração e ensacamento. Os colonos deviam também capinar entre as fileiras de café e descoroar as árvores para que não ficassem muito altas.

Marc Ferrez, 1885, colheita de café

O número de pés de café para cultivo, colheita e beneficiamento, era atribuido  de acordo com o tamanho de cada família. Entre 1.000, 2.000, 2.500 pés de café. Isso era motivo de muita discussão, afinal pés de café muito novos ou muito velhos pouco produziam !! A coffea arábica demorava 4 anos para começar a produzir, e o pagamento da viagem, estadia, roupas, mantimentos, … dependia da boa colheita e esta da idade dos pés de café. Vendido o café, metade do lucro líquido era o pagamento para os colonos, depois de se descontar as despesas com transporte, comercialização, impostos, etc..


do vale do rio Paraíba fluminense para o porto do Rio de Janeiro

A pesquisadora Débora B. Alves coletou na Alemanha algumas cartas escritas por imigrantes das fazendas de parceria em 1852. Essas cartas foram publicadas e usadas na promoção da imigração e em alguns aspectos devem ser lidas com parcimônia. Nelas observa-se uma grande preocupação com a alimentação, que parece ser a carência principal dos que vieram para o Brasil. Contam que comem carne diariamente, toucinho, batatas (que dão 3 safras ao ano !!), farinhas, pão, frutas, banana, laranja, legumes, pepinos, alface, …
Os colonos podiam cultivar pequenas hortas para consumo entre as filas de café enquanto as plantas eram novas e depois disso o fazendeiro indicava um outro local para esse plantio. Geralmente se plantava milho, feijão e arroz. O excedente poderia ser vendido e metade do lucro ia para o fazendeiro mas em alguns casos eram impedidos pelos capatazes das fazendas de produzir esse excedente, sem a venda de excedentes demorariam mais a pagar seus débitos.

Contrapondo-se às cartas coletadas por Débora Alves está a carta de Johann Kühl de onde extrai-se que a “terra para plantar era insuficiente, pois recebemos muito pouco para podermos plantar o milho para o pão. Tudo o que tínhamos que comprar era muito caro. O dinheiro que trouxemos, para as primeiras necessidades, foi diminuindo e começou a miséria. Nossa família era grande, e a maioria ainda não estava apta ao trabalho. Durante todo um ano tivemos que comer feijão sem gordura.”

Algumas das tradições como a caça por exemplo foram mantidas. Caçavam macacos, porco do mato, usavam as florestas próximas, porém sentiam falta dos cães de caça. Também formaram um coro com 13 homens.
Como bons alemães, gostavam de cerveja. E a cervejaria mais próxima estava em Petrópolis a 60 km de distância. “.. se o taberneiro Walther tivesse vindo, em breve haveria também cerveja. Walther, venha, tenho sede”.
Abaixo, utensilios de cervejaria antiga.


Fonte: fvb-bdm.de

Num primeiro momento os imigrantes acreditaram que rapidamente saldariam a dívida do transporte, adiantamentos, alugéis, etc.. escreveram em suas cartas : “temos a esperança de, em poucos anos pagar, com nosso trabalho, o custo de nossa travessia”, “nosso senhor, que se chama Bellens, garante que quem for em certa medida fiel conseguirá dentro de dois anos quitar as suas dívidas”, mas ficaram presos aos fazendeiros pelas dívidas, conhecidos como escravos brancos ou escravos por dívidas. O que deveria ser pago em dois anos acabou sendo pago depois de nove, dez anos.

Três Relatórios, dois provinciais e um imperial, publicados entre 1858 e 1861, fazem referência ao pagamento das dívidas pelos colonos das fazendas de parceria do Rio de Janeiro. O primeiro deles, de 1858, o Relatório apresentado a Assembléia Geral Legislativa na segunda sessão da décima legislatura feito pelo Ministro e Secretário d'Estado dos Negócios do Império, Marquez de Olinda no Rio de Janeiro lê-se que das fazendas de parcerias fluminenses, os colonos da Independência já estão com as dívidas “praticamente pagas” e que os pagamento dos colonos da fazenda Santa Justa “marcham bem”.
O segundo, de 1860, o Relatório apresentado a Assembléia Legislativa provincial do Rio de janeiro na 1° sessão da 14° legislatura pelo presidente, feito pelo doutor Ignácio francisco Silveira da Motta conta que os colonos “ainda devem passagens e outras despesas”.
Já no terceiro, de 1861, o Relatório da Repartição dos Negócios da Agricultura, Commércio e Obras Públicas apresentado à Assembléia Geral Legislativa na primeira sessão da décima primeira legislatura feito pelo respectivo Ministro e Secretário de Estado Manoel Felizardo de Souza e Mello, Rio de Janeiro, lê-se que



Ao contrário do que se lê nos Relatórios Ministeriais e Provinciais sobre o bom andamento das colônias de parceria, após a visita dos ministros prussianos Sr. de Meusebach e Sr. von Tschudi que observaram as reais condições de vida e semi-cativeiro dos colonos, o governo da Prússia proibiu o agenciamento de imigrantes para o Brasil pelo “Rescrito Heidt” (o que de fato ocorreu parcialmente já que inúmeros navios aportaram en Santa Catarina mesmo após essa proibição).
O sistema de parceria não atendeu as expectativas nem do imigrante e nem do fazendeiro. Os fazendeiros acostumados com o trabalho escravo achavam que o investimento não havia compensado, por sua vez o imigrante cheio de esperanças via-se como escravo, verdadeiro servo de gleba feudal.

Raimund Jacobi que chegou solteiro na Fazenda Santa Justa em 1852, casou e lá teve dois filhos. Foi para Santa Catarina em busca do sonho de possuir suas próprias terras em maio de 1861. Assim também aconteceu com Wilhelm Behringer e Friedrich Uhlmann que viram os filhos casarem e os netos nascerem em Santa Justa e só em novembro de 1860 e maio de 1861, respectivamente, foram para Santa Catarina, para a Colônia Santa Isabel (atual município de Águas Mornas, a aproximadamente 30 km. de Florianópolis) nove anos depois de terem chegado ao Brasil.

A partir da segunda metade do séc. XIX a lavoura cafeeira começa a se expandir em solo brasileiro, atingindo os estados do Espírito Santo e oeste paulista. Com o fracasso das colonias de parceria e com fim da escravidão em 1889, nova mão-de-obra em novo sistema de trabalho se faz necessária: começa a chegada em massa de imigrantes italianos. Mas essa já é uma outra história.

Fonte: José Dantas, História do Brasil



sexta-feira, 25 de maio de 2012

COLÔNIAS DE PARCERIA - parte 1



A partir de 1840 o café começa a ser cultivado em larga escala no Brasil e passa a ser um dos produtos mais exportados. Nessa época o grande latifúndio dependia exclusivamente da mão-de-obra escrava. Em 1850 foi abolido o tráfico negreiro no Brasil pela lei Eusébio de Queiroz, não se podia mais trazer escravos da África. Os fazendeiros do café passam a comprá-los das Minas Gerais e do sul do país, com isso o preço do escravo triplica. Começa a se pensar em alternativas para suprir a falta da mão-de-obra escrava, e uma das opções foi o sistema de parceria.

Esse sistema foi adotado no Brasil por iniciativa do Senador Vergueiro e foi a primeira tentativa de susbtituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. Foi inicialmente implantado em 1847 na fazenda Ibicaba no oeste paulista. Os colonos eram contratados na Europa e encaminhados para o Brasil, para as fazendas de café. Vinham apenas trabalhar, não se tornavam proprietários das terras, as colônias se formavam dentro das fazendas. Algo similar ao sistema de “meação” tão conhecido no Brasil de hoje, onde o proprietário entra com as terras e os trabalhadores com a mão-de-obra e no final os lucros são divididos.

Em 1852 cinco fazendeiros do Rio de Janeiro optaram pela formação de colonias de parceria em suas terras, foram eles :
Nicolau Antônio do Vale da Gama, da Fazenda Indepêndencia
Brás Carneiro Bellens, da Fazenda Santa Justa
Barão de Baependi, da Fazenda Santa Rosa
Marquesa de Valença, da Fazenda Coroas
Fazenda São Mateus

Essas fazendas estão localizadas nas região do Vale do Paraíba fluminense, nos atuais municípios de Valença e Rio das Flores. A fazenda Santa Justa encontra-se no munícipio de Rio das Flores a 60 km da cidade de Petrópolis. A fazenda Santa Rosa é vizinha da Santa Justa e fica no mesmo município. Para conhece-las pode-se acessar o site do Instituto Cidade Viva.

Abaixo sede da fazenda Santa Justa, vista da fachada em 1980, com varanda fechada, raro na época.


Fonte: Antigas fazendas de café da província fluminense

Respondendo à vasta propaganda feita na Europa e com “ajuda” dos párocos e prefeitos chegaram à fazenda Santa Justa em 1852, Raimund Jacobi, Friedrich Ulhmann e família, Wilhelm Behringer e família. A família Männchen encaminhou-se para a fazenda Santa Rosa.

Os colonos contratados tinham os valores dos transportes, de Hamburgo até o Rio de Janeiro e daí para a fazenda, adiantados pelos fazendeiros que se comprometiam a adiantar também as despesas para sua subsistência até que pudessem se manter sozinhos, sobre esses adiantamentos corriam juros de 6% , chegando a 12% dependendo do fazendeiro. A família era solidária nas dívidas que eram da família e não da pessoa, assim se alguém contratado falecesse na viagem ou antes de pagar sua dívida, a família deveria saldar sua dívida.

As fazendas de café eram muito parecidas, tinham a casa-grande (sede e residência do proprietário), a senzala (para para os escravos), os canteiros para secagem de café, a tulha para o armazenamento e próximo a algum riacho a roda-dágua e o moinho para pilagem.

Fazenda Santa Justa - 2011
Rodovia RJ-151 - 2° distrito - Manuel Duarte - município de Rio das Flores
de baixo para cima na imagem :
Na entrada da fazenda - alamedas de palmeiras com antigos terreiros de café nas laterais
no final da alameda, casa sede da fazenda
tulhas antigas, próximas aos terreiros de café e ao fundo da sede 
22°04'05.44"S 43°27'09.44"W

Sobre a fazenda leia mais aqui, a continuação desse post.


terça-feira, 22 de maio de 2012

ALGUMAS FOTOS DE WALLICHEN

51°00'42.05"N 11°09'08.19"E



www.panoramio.com

www.kirchenkreis-weimar.de

www.kirchenkreis-weimar.de



Essa igreja foi mencionada pela primeira vez em 1241, a partir daí destruída, construída e reconstruída até 1739, data inscrita na cúpula. O púlpito data do séc. XVIII e o crucifixo do altar, em tamanho natural, do séc. XVI.







As cinco fotos sem a fonte são de autoria de Marco Jurandir Boehringer. Obrigada !!
Outras fotos de Wallichen, aqui.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

BÖHLEN EM FOTOS

Cartão Postal de Böhlen, em 1940

Fonte: antikee-falkensee.de

Google Earth em 2011
Observe que a cidade quase não cresceu !!

50°35'14.74''N 11°02'34.73"E

www.panoramio.com

St. Anna Kirche
Fonte: www.panoramio.com


Outras lindas fotos em: 

Santa geladeira !!! Meio Koyaanisqatsi, lindíssimo ...
Böhlen está a partir de 06'49" (a confirmar)


                                          


sábado, 19 de maio de 2012

ONDE FICA BÖHLEN ? E WALLICHEN ?

A Alemanha atual está dividida em 16 estados federais (Laender) e um deles é a Turingia (Thuringen) que por sua é dividida em 17 distritos (Kreis ou LandKreis) e 6 cidades independentes (Kreisfreie Städte). Um desses distritos é o Ilm-Kreis, uma das cidades independentes é Erfurt. A Turíngia fez parte da Alemanha Oriental após a Segunda Guerra Mundial.

Fonte: en.wikipedia.org

Acima, a atual Alemanha, em destaque o estado da Turíngia. Embaixo o mapa da Turíngia, Böhlen fica em Ilm-Kreis e Wallichen em Erfurt.


Fonte: de.wikipedia.org

Durante a Idade Média o Ilm-Kreis se dividiu em vários pequenos Estados, que existiram até o início do século XX. A Revolução Alemã de 1918 provocou a queda de toda a nobreza alemã, inclusive da nobreza do Ilm-Kreis, que compreendia entre outros o Principado de Schwasburg-Sondershausen, o Ducado de Sachsen-Coburg e o Principado de Schwarzburg-Rudolstadt (onde se localizava Böhlen), cujo príncipe abdicou em 1920. O território do Schwarzburg-Rudostadt tinha uma área de 940 km2 e uma população de 97.000 pessoas em 1905. Em 1922 a região do Ilm-Kreis foi dividida em vários municípios.

Böhlen provavelmente foi fundada no final da Idade Média, a vila foi citada pela primeira vez em 1442, como Bellen ou Belts. Viveu nos primordios da extração de bismuto, chumbo, cobre e depois da tecelagem. Entre 1610 e 1611 sofreu com a peste, depois com a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), quando por fome, saques e doenças a população chegou a 27. A partir daí uma sucessão de incêndios destroem a pequena vila, em 1778, 1802, o maior deles em 1867, 1905, 1913 e 1921. Entre 1834-1870 sofreu uma grande onda migratória com destino ao Brasil e América do Norte. Em 1862 em Böhlen havia quatro moinhos, uma estalagem, 104 artesãos, dois tintureiros, dois lojistas, uma tecelagem. Em 2010 eram 600 habitantes na cidade.
A vila passou por uma situação peculiar no verão de 1851 quando “tumultos e distúrbios” provocaram a imigração de 155 pessoas em março de 1852, ou seja 13,6% da população, em três navios que partiram de Hamburgo com destino ao Rio de Janeiro.

A primeira referência a Wallichen foi num documento oficial de 1143. No século XIII ela já possuia um solar, capela e mosteiros, que foram fechados pela Reforma Luterana. Em 1531 ela passou para Sachsen (Saxônia). Depois, por herança, sucessões e casamentos, Wallichen passou a fazer parte do Herzogtum Sachsen-Weimar-Eisenach, onde permaneceu até a criação da Turíngia em 1920.
Wallichen sofreu muito com a Guerra dos Trinta Anos, sofreu saques e perdeu 27 moradores em 1813 por ocasião da retirada de Napoleão, foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e como toda Turíngia, fez parte da zona soviética alemã.
A vila é muito pequena, segundo dados estatísticos de dezembro de 2010, Wallichen possui 164 habitantes, sendo 84 homens e 80 mulheres, com média de idade de 44,5 anos. É bastante próxima de grandes cidades da região como Vieselbach.
Não se pode esquecer que Lutero começou seus estudos e a Reforma na cidade de Erfurt (capital da Turíngia) e portanto, na Turíngia as idéias protestantes foram (e são) especialmente importantes.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

BANCO DE DADOS DE EMIGRANTES - Rudostadt, Thuringen


Thüringisches Staatsarchiv Rudolstadt
Spezialinventar
Auswandererdatenbank (Banco de dados de Emigrantes)

Compilação feita pelo arquivista Rudolf Ruhe. As informações vêm de documentos oficiais, da imprensa diária e de registros do Jornal Geral de Emigração "Allgemeine Auswanderungszeitung", publicado em Rudolstadt (parte).

Disponível para consulta on-line aqui.


Identifikations-Nummer: 535      ano 1852
Bratfisch, Friedrich Ferdinand, Ehefrau Catharine Barbara und sechs Kinder: Juliane Wilhelmine, August Friedrich, August Karl, Friederike Auguste, Friederike Dorothea und Juliane Friederike Bertha
nach Brasilien
aus Böhlen (Bezirk Königsee) 

Identifikations-Nummer: 2464    ano 1852
Jakobi, Raimund
nach Brasilien
aus Böhlen (Bezirk Königsee)

Identifikations-Nummer: 3525    ano 1852
Männchen, Heinrich Jakob Elias, Ehefrau Johanne Elisabeth und sechs Kinder: Michael Constant August, Auguste Wilhelmine Laura, Karoline Mariane Helma, Heinrich Wilhelm Treuhardt, Eleonore Hulda und Albert Friedemann
nach Brasilien
aus Böhlen (Bezirk Königsee)

Identifikations-Nummer: 5797    ano 1852
Uhlemann, Johann Friedrich, Ehefrau Margarethe Barbara und sieben Kinder: Heinrich Julius Friedrich, Wilhelmine Lucinde, Friedemann Theodor, Franz Gustav, Heinrich Louis, Friederike Lucinde und Lucinde Karoline
nach Brasilien, 1852 in Santa Justa
aus Böhlen (Bezirk Königsee)


quinta-feira, 17 de maio de 2012

A VIAGEM - parte 2



Pelo Relatório apresentado ao Exmo.Sr.Vice-Presidente da Província do Rio de Janeiro, o Commendador João Pereira Darrigue Faro pelo Presidente o Conselheiro Luiz Pedreira do Coutto Ferraz por ocasião de passar-lhe a administração da mesma Província em 03 de maio de 1852 (Niterói, Typographia de Amaral e Irmão, 1852), podemos saber a destinação dos imigrantes de cada navio, veja aqui.


As viagens eram bastante precárias, feitas em navios a velas, com três mastros. Christian Bass, passageiro do Lorenz, conta “que durante a travessia do canal (da Mancha) tivemos algumas noites de tempestade fazendo com que muitas caixas da entrecoberta (do navio) virassem. Tivemos ao todo 21 dias de calmaria, perto do Equador permanecemos parados 7 dias seguidos, e nos momentos mais quentes (a temperatura) era de 30 a 40 graus.” Pela possibilidade de calmarias os alimentos e a água eram racionados. No dia 14 de abril quase foram “afundados por um outro navio, pois o faroleiro adormeceu.”


Fonte: de.wikipedia.org

Pelo Relatório Provincial de 1852, já citado, sabe-se que o navio Lorenz chegou em águas brasileiras dia 17 de maio e por carta do passageiro Heinrich Moeller que o desembarque ocorreu no dia seguinte, dia 18 de maio de 1852.


Durante a travessia no navio Lorenz faleceram 4 crianças, sendo uma menor de um ano, duas menores de dois e uma com oito anos. Nasceram três crianças.
Na viagem de vinda ocorreram os seguintes infortúnios: no dia 05 de abril morreu uma criança pequena do Friedrich Michel de Rudostadt, no dia 07 uma do Appelfeller, no dia 15 um menino de Rudostadt escaldou a cabeça.”




Em 1915 foi publicada, no Kalender für die Deutschen in Brasilien de São Leopoldo, uma carta de Johann Kühl que viajou no navio Princess Louise com destino à fazenda Independência. Seu navio chegou no Rio de Janeiro dia 06 de maio de 1852, cerca de duas semanas antes do navio Lorenz. Na carta ele conta, entre outras coisas as condições da ida do litoral à serra fluminense:
Após uma viagem de oito semanas aportamos ao meio dia no porto do Rio de Janeiro. O navio baixou âncoras e parou. A partir do navio foram lançadas cordas e então, finalmente, pisamos novamente em terra, em um novo mundo, nosso novo lar. Dalí nos dirigimos rio acima em um pequeno navio, - o nome do rio eu esqueci – ao acampamento “Estreito” (talvez Porto “Estrela” ??). Lá permanecemos por um dia. Na manhã seguinte continuamos a viagem com uma tropa de mulas, que carregavam cestos pendurados nos dois lados. Nos cestos eram transportados todos os nossos pertences, e nos quais as crianças também eram transportadas. O caminho estava muito úmido e lamacento porque havia chovido por um longo tempo. Às vezes passávamos por grotas e logo tivemos que tirar nossos sapatos, enrolar as pernas das calças, e também tirar as grossas saias porque o suor escorria pelas roupas e pelo corpo; e assim nos arrastamos pela picada no banhado. Depois de um dia de marcha foi feita uma parada. A alimentação consistia de arroz, feijão e pão, sendo que dois bois foram abatidos por negros. Não era apetitoso, mas o que fazer? A fome fazia com que entrasse.”
Sobre o Porto Estrela, clique aqui e aqui.

Abaixo, uma reportagem de 1988 sobre a Estrada Velha da Serra da Estrela, atual RJ-107.




Os imigrantes que se dirigiam a Fazenda Santa Justa chegaram ao destino dia 27 de maio de 1852, levaram cerca de 9 dias para subir a serra fluminense.  A contaminação do Porto Estrela pela febre amarela fez com que fossem diretamente para a Fazenda, desembarcaram e em seguida viajaram em mulas, subindo a serra até a Fazenda Santa Justa. A subida da serra era muito acidentada, perigosa e cara, apesar de ser feita entre sete e dez dias, custava quase a mesma coisa que a travessia transatlantica.

Sempre me perguntei como seria a baia de Guanabara e a subida da serra (em direção à Petrópolis e Rio das Flores) em 1852. Abaixo uma gravura do Rio de Janeiro em 1857, cinco anos depois da chegada de Raimund Jacobi, Wilhelm Behringer, Friedrich Uhlmann ....

Vista da entrada do porto do Rio de Janeiro
Archivo Pittoresco, Semanário Illustrado, junho 1857,  daqui.






quarta-feira, 16 de maio de 2012

A VIAGEM DE RAIMUND JACOBI E WILHELM BEHRINGER - parte 1




Raimund Jacobi é o avô de minha avó Anna Estela Rühe, Wilhelm Behringer, o bisavô.

Irmãos de Marie Louise Behringer:
Elizabeth (casada com Friedrich Uhlmann)
Friedrike (casada com Treuhardt Männchen)
Theodor (casado com Leonor Bergmann)
Michael (casado com Sophie Beselin)

Irmãos de Marie Tekla Jacobi:
Carl August Friedrich (casado com Marie Christiane Josiger)
Carl Friedrich Wilhelm (casado com Emilie Ernestine Berner, Marie Sievers, Henriette Ziemmer)
Peter Friedrich Christian (casado com Auguste Fritzke Berner)
Albert Friedrich Theodor (casado com Ottilie Baumgärtel)
Heinrich Christian Theodor
Laura Wilhelmine Leonore (casado com Heinrich Blank)
Marie Therese Lisete

Irmãos de Anna (Estela) Rühe:
Hermann Alberto (casado com Catharina Jacobi e Beatriz Cardoso)
Wilhelm Otto (casado com Theresa Denk)
Richard Luis (casado com Ida Jacobi, Klabunde, Maria Martins)
Maria (casada com Gustav Helbing)
Emília (casada com Gumercindo de Oliveira Godoy)
Helena (casada com Heinrich Gestmeier)
Ricardo
Arthur
Theodoro (casado com Rosa Criminacio)

Modelo de navio de três mastros
Three masted ship in port, Bourdeaux, do artista Eugène Boudin
                       
No início de 1852 embarcaram em Hamburgo na Alemanha entre 800 e 900 pessoas em 4 navios. Elas haviam sido requisitadas por sete grandes fazendeiros de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Os navios em questão eram :
  1. Colonist, capitão J. Bade, partida 25.02.1852, destino Rio de Janeiro
  2. Princess Louise, capitão Baehr, partida 10.03.1852, destino Rio de Janeiro
  3. Lorenz, capitão L. Saabye, partida 11.03.1852, destino Rio de Janeiro
  4. Catharina, capitão Lubaun, partida 11.03.1852, destino Rio de janeiro

O porto de Hamburgo era um amontoado de homens, mulheres e crianças com todo tipo de bagagem. Quando resolviam pela emigração as familias vendiam tudo que podiam e traziam o que conseguiam. Eram os mais pobres que vinham ao Brasil trabalhar nas fazendas de café paulistas ou fluminenses, isso porque até o valor das passagens era adiantado e nada se dispendia com elas, nesse caso a emigração para o Brasil tinha causa unicamente econômica.

Embarcaram entre outros : 

Raimund Jacobi, sozinho, com 23 anos, de Böhlen (na Turíngia), no navio Catharina.

                               Lista de embarque de passageiros no porto de Hamburgo, daqui

"... Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração ..."
Poema de sete faces (trecho), de Carlos Drummond de Andrade

Johann Friedrich Uhlmann, com 46 anos, de Böhlen, no navio Lorenz
sua mulher Margarethe Barbara, com 46 anos e sete filhos
Heinrich Julius Friedrich, com 22 anos
Wilhelmine Lucinde,
Friedemann Theodor, com 17 anos
Franz Gustav, com 12 anos
Heinrich Louis, com 8 anos
Friedrike Lucinde, com 6 anos
Lucinde Karoline, com 4 anos



Wilhelm Behringer, de Wallichen e 5 filhos entre 7 e 21 anos, no navio Lorenz
Marie Louise, com 21 anos
Elizabeth
Friedrike
Theodor, segundo Helmtraut Bäringer contava com 14 anos
Michael, com sete anos

Observar que não consta o acompanhamento da “Frau” (da senhora, mulher), Wilhelm teria vindo apenas com os filhos ??


Nome: Beringer, Joh. Wilh. (Johann Wilhelm) agricultor e cinco filhos entre 7 e 21 anos
Local de nascimento: Wallichen (Turíngia)
Nome do navio: Lorenz (seguido de algo que eu não entendi), Capitão L. Saabÿe
Para onde?: Rio de Janeiro, Brasil
Data da partida: 11 de março
(documento e tradução gentilmente cedida pelo pesquisador Carlos Steiner)


Heinrich Jakob Elias Mänchenn, de Böhlen, no navio Catharina
sua mulher Johanne Elisabeth e seis filhos
Michael Constant August
Auguste Wilhelmine Laura
Karoline Marianne Helma
Heinrich Wilhelm Treuhardt
Eleonore Hulda
Albert Friedemann



A maioria dos imigrantes veio com a  família, mas Raimund Jacobi veio sozinho. No Relatório da província do Rio de Janeiro de maio de 1852 (que se refere às regras de contratação de colonos, veja aqui), lê-se que uma das condições para contratação de solteiros era :

"Prohibirão enfim o engajamento de de solteiros que não pertencessem a alguma das famílias contractadas"

Por esse motivo,  Raimund deve ser aparentado com alguma das famílias vindas de Böhlen, os Männchen ou os Uhlmann, compadres e vizinhos. Pela maior proximidade com os Uhlmann suspeito* que deveria ser sobrinho de Friedrich ou Margaretha Uhlmann.

*Suspeita equivocada, Raimund veio com a família Bratfisch, veja aqui.

Para embarcar, os imigrantes foram até a cidade de Kahla (ou Cahla, 100 km de Böhlen) na atual Turíngia e de lá viajaram um dia de trem até Hamburgo. 

Sobre o trajeto de Böhlen até o porto de Hamburg leia aqui.

Mais sobre esses imigrantes e Böhlen leia aqui.









PARTE I - A FAMÍLIA DE ANNA RÜHER


terça-feira, 15 de maio de 2012

ÁRVORE DE COSTADO - lado paterno


1 – meu pai, do Rio de Janeiro, 1927

2 – Willi Jablinski, de 1895

3 – Luiza Capozzi, de Taquaritinga, 1902

4 – Heinrich Jablinski

5 – Bertha Kamman

6 – Ernesto Capozzi, de Crotone, 1869

7 – Agnesa Siggia, de Siculiana, 1884


12 – Antônio Drammis, de Scandale (?),

13 – Maria Guiseppe Marino

14 – Giuseppe Siggia, de Siculiana, 1837

15 – Calógera Cosentino, de Siculiana, 1851


24 – Salvatore Drammis, de Scandale (?), ~1806

25 – Mariangela Fazzio, ~1808


28 – Giacinto Siggia, de Siculiana, ~1790

29 – Agnesa Gagliano, de Siculiana, ~1812

30 – Salvadore Cosentino, de Siculiana, ~1816

31 – Maria Modica, de Pantelleria, ~1824


48 - Nicola Drammis, de Scandale (?), ~1779

49 – Domenica Orsini


56 – Pietro Siggia

57 – Giuseppa La Zara

58 - Giuseppe Gagliano

59 – Rosario Zambito

60 – Luca Cosentino, de Favara,

61 – Calógera Geraldi, de Favara,

62 – Biaggio Modica, de Pantelleria,

63 – Angela Salsedo


124 – Francesco Modica

125 – Giuseppa Sorgenti