sexta-feira, 28 de setembro de 2012

EM SÃO BENTO DO SUL - parte 1

Podemos pensar em três motivos para a ida dos Rühe (Rüher) para São Bento Bento do Sul. Num primeiro momento sair da zona urbana e ir para a zona rural a que estavam acostumados. Entre a saída de Blumenau e o retorno à propriedade rural de São Bento a família passou cerca de 6 anos vivendo em cidades.

Outro motivo seria a aquisição de terras. Enquanto esteve em cidades (Curitiba, Rio Negro ou mesmo em São Bento), Gustav alugava suas residências, não foi proprietário de terras, grande sonho dos imigrantes alemães. Em São Bento, "Vendiam as cascas (de araçá) para curtir couro, com isso pagaram dois terrenos" (Helena Rüher, aqui).

Finalmente, um motivo político, São Bento do Sul foi a primeira cidade de Santa Catarina a ter um governo legalista.

Assim como seus pais, ao adquirirem seu lote em São Bento, Gustav e Tekla tiveram que trabalhar nele. Abrindo uma clareira e construindo sua primeira casa. "Na estrada dos Bugres tiraram um pouco de mato, fizeram um rancho com palmeira de palmito e coberto de palha ..." (uma foto desse primeiro tipo de abrigo está na postagem "Os Rühe em Blumenau"). E não é que  um dia ventou tanto que a cobertura da casa caiu e a mãe Tekla protegeu as crianças embaixo de uma mesa !! Esse fato marcou tanto Helena Rüher que ela se lembrou dele em idade avançada !


Acervo do Arquivo Histórico de São Bento do Sul-SC
Esse tipo de construção representava a assimilação da cultura cabocla, os Rüher já estavam bem abrasileirados nesta ocasião, faziam "pão com farinha de milho, cará ou taiá" em vez do tradicional centeio ou trigo, por exemplo.

Na estrada dos Bugres a produção agrícola para subsistência da família de Gustav e Tekla se baseava na plantação de “cará, taiá, milho, … cana-de-açúcar, café, laranja, banana, tangerina … criação de porcos, gansos, galinhas”. Além disso, beneficiavam milho no monjolo, Tekla ainda costurava e Gustav tocava bandoneon em festas e casamentos. Complementavam a renda coletando cascas de araçá para venderem aos curtumes. Em 1894 existia 4 curtumes na cidade.

Não se pode deixar de mencionar a caça, que teve papel importante tanto economicamente quanto culturalmente. Economicamente também representava aumento da renda familiar,  os Rühe “caçavam paca, veado, porco do mato, anta … jacutinga, jacu, macuco” que vendiam na cidade de São Bento. Culturalmente a caça estava vinculada à profusão de Sociedades de Caça e Tiro que até os dias de hoje existem nas cidades de colonização alemã como Blumenau, Joinville e São Bento do Sul entre outras.


Estrada dos Bugres - "... bem lá embaixo "
A questão da alimentação foi ponto importante na vida dos imigrantes recém-chegados, segundo Seyfert "... registros apontam para os efeitos desastrosos da alimentação disponível nos primeiros tempos da vida colonial, a "náusea da carne seca", o feijão preto desconhecido na Europa só superada a partir das primeiras colheitas e seu complemento, a caça". 

Por tudo isso percebe-se que em São Bento do Sul a família Rüher já estava bem adaptada aos costumes da terra (aos menos os alimentares !!).

No seu casamento, no ano de 1884, ainda em Blumenau, Gustav Richard Rühe declara ser charuteiro. Provavelmente iniciou-se no trato da terra para em seguida aprender a arte da confecção de charutos, atividade que continuou exercendo em São Bento do Sul.

Para o colono a produção de fumo e a confecção de charutos, requeria poucos investimentos, apenas uma galpão para armazenagem e secagem da folha e mão de obra familiar. 

Em 1885, o Relatorio com que ao exm. sr. coronel Manoel Pinto de Lemos, 1.o vice presidente, passou a administração da provincia de Santa Catharina, o dr. José Lustosa da Cunha Paranaguá, em 22 de junho de 1885, Cidade do Desterro, Typ. do "Jornal do Commercio," diz a respeito de Blumenau:



No Brasil a produção de fumo foi bastante expressiva, na época colonial chegou a ser o segundo produto de exportação, tendo a Bahia papel de destaque. Em Santa Catarina o fumo e os charutos também foram importantes para o desenvolvimento econômico da região. Ainda hoje a produção de folhas de fumo é expressiva em todo estado de Santa Catarina.



Acima a bela vista da colina da família Behringer em Ibirama-SC, o barracão da direita é utilizado para secagem das folhas de fumo.

Foto gentilmente cedida por Helmtraut Behringer.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

GUSTAV E TEKLA VOLTAM PARA SANTA CATARINA

A família Rühe (Rüher), agora com 6 crianças, ficou pouco tempo em Curitiba, logo estava na estrada novamente. De Curitiba foram a cidade de Rio Negro, ainda no Paraná.

Em Rio Negro nasceu o sétimo filho do casal, Ricardo no dia 06 de julho de 1898. O rapaz teria falecido vítima de um coice de cavalo ainda adolescente, na Estrada dos Bugres em São Bento do Sul-SC (a confirmar). 
Não foram encontrados dados a respeito desse óbito tanto no Cartório de Registro Civil quanto na Igreja Luterana de São Bento do Sul, como foi batizado apenas em 1912 o óbito ocorreu depois dessa data.

Segundo informações obtidas na Administração de Cemitérios de SBS (em 2017), no início do séc. XX o Cemitério da Estrada dos Bugres pertencia à comunidade, não tendo participação da prefeitura na sua administração.  Assim, muitos sepultamentos foram feitos sem anotação em livro. Foi informado também que era prática comum na época o sepultamento ser realizado na propriedade da família. 

De Rio Negro-PR, a família seguiu para São Bento do Sul-SC. Num primeiro momento foram morar na região urbana do município, onde nasceu o oitavo filho, Arthur, dia 17 de agosto de 1900. Arthur não se casou, faleceu dia 21 de março de 1961 (a confirmar).

Acervo do Arquivo Histórico de São Bento do Sul-SC

Acervo do Arquivo Histórico de São Bento do Sul-SC s/data

Os dois caçulas nasceram na Estrada dos Bugres na zona rural de São Bento do Sul-SC, a nona filha foi Anna, minha avó, nascida em 02 de outubro de 1902 e o outro filho, o décimo, foi Theodoro, nascido em 28 de fevereiro de 1905.


Anna Rühe



Passeio à estrada dos Bugres, São Bento do Sul-SC, em maio de 2012

... muito lindo !! ...




Para  ver lindas fotos de São Bento do Sul (além de Rio Negrinho, Corupá, ...) de 1929, do fotógrafo Arthur Wischral, do acervo do Sebo Figaro de Curitiba, clique aqui.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A REVOLUÇÃO FEDERALISTA - PORQUE GUSTAV FUGIU ? - parte 2

Como vimos, o sul do país entre 1893 e 1895 estava envolvido nas manobras revolucionárias. Gustav Richard Rühe morava na região de Massaranduba, ainda distrito de Blumenau. Segundo sua filha Helena Rühe, foi por manifestar sua posição política que Gustav fugiu de Blumenau e partiu para Curitiba acompanhado da mulher Marie Tekla e seus cinco filhos, Hermann, Otto, Luiz, Maria e Emília, a caçula nascida em setembro de 1893. Para isso vendeu tudo que tinha em Blumenau, mas não conseguiu receber.  A família, “muito bem recebida em Curitiba”, foi morar no Largo da Ordem, numa boa casa. A sexta criança, a própria Helena, nasceu em Curitiba, no dia 8 de dezembro de 1895. 

De maneira mais específica, algumas questões podem ter influenciado a familia na sua vinda a Curitiba:

Maragatos na cidade de Urussanga - SC


Em 29 de novembro de 1893, 1.600 maltrapilhos homens, do general rebelde Gumercindo Saraiva entraram em Blumenau. Noticiou o jornal “Blumenauer-Zeitung” : “A tropa, que em grande parte é composta por negros e uruguaios, está em miserável estado, e muita gente anda praticamente nua... A tropa causa uma péssima impressão”. Apesar de prometerem não se envolver com a população, não foi o que ocorreu, saquearam e roubaram alimentos. Foram seguidos pelos legalistas que chegaram igualmente rotos e esfomeados. Ambas as tropas seguiram para a atual cidade de Itajaí onde se deu o embate. As tropas legalistas perdedoras fogem para o sul e as rebeldes voltam a ocupar Blumenau. Segundo Silva, “o pânico como era natural, voltou a dominar a população blumenauense. Famílias inteiras abandonaram apressadamente a Vila, escondendo-se nas mais longinquas casas de colonos, no Interior”.




Na região de Massaranduba (Guaramirim), onde residia Gustav Rühe com a família, alguns colonos alemães foram degolados por federalistas. Dois casos foram contados por Emílio da Silva. O primeiro deles foi Frederico Neghebron que abandonado pela mulher e filhos, que voltaram para o Tirol, caiu na bebida. “Não era de se esperar outra coisa. Metia-se em desentendimentos com o inspetor de quarteirão (espécie de delegado) do Jaraguá, Manoel Alves de Siqueira. Este passara a servir aos federalistas, ali chegados com a tropa de Gumercindo Saraiva, vindos de Joinville para atacar Blumenau, pela retaguarda, subindo pelo picadão do morro rio da Luz ao rio do Testo …. A 16 (de dezembro de 1893) chegava Gumercindo (Saraiva, general federalista) e pelas 10 horas da manhã quando ordenara a execução do infeliz Negherbon pelo seu degolador, Adauto. O local da execução foi na barranca do rio Itapocuzinho, junto do primeiro porto das canoas”.

O outro caso foi o de Alberto Schulz degolado em 26 de dezembro de 1893. Por não saber falar o português, o colono desentendeu-se com um cabo federalista e acabou por feri-lo. Terminou morto. “... então vi ao lado das barracas um homem. Parecia estar amontoado, junto a uma árvore canela-pimenta, como se estivesse envolto em pano encarnado no pescoço. Era o pai, estava morto, degolado”.

O pesquisador Toni Jochem conta mais um caso ocorrido com antigos vizinhos e aparentados de Maria Tekla Rühe, os irmãos Eger, em 1894, desta vez na Colônia Santa Isabel (atual município de Águas Mornas-SC), quando “ … dois membros da Colônia ..., residentes na Segunda Linha, que haviam se mudado para Palhoça somam-se às vítimas da situação. Um deles havia-se manifestado contra a política do Governo e, por isso, foi expulso da colônia, mudando-se para Palhoça. Lá todos pensavam que tudo estava bem, mas alguns vizinhos o denunciaram e, por isso deveria ser preso. Os soldados vieram prendê-lo e com a ajuda de seu irmão desacatou as ordens dos policiais ameaçando-os de morte. Na noite seguinte, em 26 de junho de 1894, os soldados retornaram, desta vez com reforço e cercaram a casa do acusado. Os dois irmãos recusaram-se a abrir a porta, que foi arrombada a bala. Um desses tiros acertou o inocente e quando seu irmão, o acusado, foi defendê-lo também foi ferido de morte. Ficaram assim, duas viúvas, cada qual com três filhos menores …”

O ambiente bélico na Blumenau de 1893 e 1894, com tiroteios e avanços de tropas no centro da Vila, os assassinatos dos colonos alemães na região de Massaranduba e dos irmãos Eger em Palhoça devem ter influenciado a transferência de Gustav com a família para a cidade de Curitiba


Procissão no Largo da Ordem - ao fundo atual Casa Romário Martins

Considerando que em 8 de novembro de 1894, Gustav assinou o pagamento do saldo devedor de seu lote em Blumenau e que em dezembro do ano seguinte (1895) nascia sua filha Helena em Curitiba, podemos concluir que a mudança da família ocorreu entre novembro de 1894 e novembro de 1895.




No entanto, é difícil precisar se Gustav simpatizava com a causa federalista ou legalista. Apesar de Evaldo Pauli descrever uma Blumenau legalista, em novembro de 1893 a cidade foi tomada pelos rebeldes que causaram pânico na população. Por poucos meses, no início de 1894, a tranquilidade curitibana foi ameaçada durante a revolução, enquanto foi tomada pelos rebeldes, antes da chegada da família Rüher. Certamente a mudança para a capital paranaense foi uma tentativa de preservar a família da violência e das carências provocadas pela revolução, teria existido algum outro motivo ????

Rua S.Francisco, ao fundo torre da igreja S.Francisco das Chagas
Fonte: bndigital.bn.br

Largo da Ordem  - 1906 - daqui


Bibliografia:

JOCHE, Toni – A epopéia de uma imigração,
PAULI, Evaldo – Santa Catarina – Primeira república, UFSC,
PESAVENTO, Sandra Jatahy – A Revolução Federalista, São Paulo: Brasiliense, 1983.
SILVA, Emílio da – Jaraguá do Sul, II° livro, um capítulo na história do Vale do Itapocu, Jaraguá do Sul: Ed do autor, 1975.

Mais sobre a Revolução Federalista no Paraná, clique aqui.
Sobre os fuzilamentos no Paraná de 1894, clique aqui.



terça-feira, 18 de setembro de 2012

A REVOLUÇÃO FEDERALISTA - parte 1

Gustav e Tecla casaram em Blumenau e fugiram da revolução para Curitiba."
Helena Rüher, no início da década de 1970.

Depois da Proclamação da República em 1889, várias vozes se levantaram por todo o país contra o novo regime instalado, alguns queriam a volta da monarquia, outros uma república com mais força para os estados, outros o parlamentarismo, outros ainda a separação do Rio Grande do Sul do resto do país. Apesar de não formarem um grupo coeso, no sul do país começou o que conhecemos como a “Revolução Federalista”.

De 1893 a 1895, as terras do sul serviram de cenário aos violentos combates da Revolução Federalista, travados entre os partidários de dois oligarcas gauchos, Gaspar Silveira Martins (federalistas, conhecidos como “maragatos”, eram os que usavam o “lenço vermelho”, os revoltosos) e Júlio de Castilhos (legalistas, conhecidos como “pica-paus”, eram os que usavam o “lenço branco”). 

Essa foi uma das Revoluções mais violentas, radicais e passionais do país, marcada por saques, incêndios, estupros, castrações, também conhecida como a Revolta da Degola. Pode-se citar como exemplo os combates de Rio Negro e Boi Preto. No combate do Rio Negro o chefe “maragato” Joca Tavares madou degolar mais de 300 homens jogando-os nos rios, alguns meses depois na batalha do Boi Preto o chefe “pica-pau” Firmino de Paula condenou a degola mais ou menos 300 federalistas também. Segundo Sandra Jatahy Pesavento, a degola “consistia, na sua forma mais usual, em matar a vítima tal como se procedia com os carneiros: o indivíduo era coagido a, de mãos atadas nas costas, ajoelhar-se. Seu executor, puxando sua cabeça para trás, pelos cabelos, rasgava sua garganta, de orelha à orelha, seccionando as carótidas, com um rápido golpe de faca”. Era considerada uma execução rápida, eficaz e barata, já que não se gastava nem mesmo pólvora.

Abaixo a representação da degola por um CTG (Centro de Tradições Gaúchas) de Pelotas-RS em 2010 (nos primeiros 3 minutos do vídeo). Os de lenço vermelho são os federalistas do Rio Grande do Sul, o de lenço branco o florianista.




A partir de janeiro de 1893 o ambiente político estava cada vez mais pesado, em meados de 1893 os “maragatos” atingem o estado de Santa Catarina. Os embates políticos tornam-se ataques.


Maragatos em Santa Catarina
Prefeitura de Braço do Norte - SC

Em 14 de outubro de 1893 a cidade de Desterro (Florianópolis) foi tomada pelos revoltosos que formaram um Governo Provisório dos Estados Unidos do Brasil que se considerava separado da União e somente em abril de 1894 a cidade foi retomada.


Maragatos - Acervo da Casa da Memória - Curitiba

No Paraná, o cerco da Lapa foi a batalha mais importante entre os federalistas do sul e os legalistas. A ação começou em 13 de janeiro de 1894 e durou 26 dias. Quando a cidade se rendeu era dia 10 de fevereiro de 1894. Eram 1.200 maragatos contra pouco mais de 300 legalistas. Da cidade da Lapa os federalistas rebeldes vitoriosos pegaram o trem para Curitiba com os oficiais capitulados e suas famílias. As coisas começaram a mudar na cidade, ocorreram  degolas nos muros do Cemitério Municipal do São Francisco e também nas proximidades do antigo Paiol de Pólvora, começaram arrecadações “voluntárias” entre os comerciantes para o provimento da guerra. O governador do estado, Sr. Vicente Machado, transfere a capital provisoriamente para a cidade de Castro (Decreto Estadual n° 24, de 18 de janeiro de 1894) e Curitiba fica sem governo.


Entrada dos federalistas em Curitiba, Alm. Custódio de Mello e Gal. Gumercindo Saraiva
Acervo do Museu Paranaense

Como o Almirante Custódio de Mello entrou em Curitiba dia 20 de janeiro de 1894 vindo por Paranaguá, provavelmente esta foto foi tirada na chegada do General Gumercindo Saraiva na cidade, vindo da Lapa, em fevereiro de 1894 (a confirmar).

A 10 de maio de 1894 os legalistas entram e retomam a cidade de Curitiba, que ficou sob comando dos revoltosos por cerca de cinco meses.


Em suma, partindo do Rio Grande do Sul, a Revolução Federalista foi atingindo os estados do sul, Santa Catarina e depois Paraná. No Paraná teve seu ápice e também o início do fim. 


Mapa do Brasil em 1895 (parte) - daqui


Todas as cidades, em regiões de passagem das colunas, se não envolvidas diretamente nos combates, presenciaram de perto a agitação da revolução. Observe no mapa acima (alterado), o traço em vermelho representa o alcance da revolução, apenas o extremo oeste dos atuais estados de Santa Catarina e Paraná escaparam dos combates federalistas, praticamente toda a região, de Curitiba ao sul, sofreu influência do confronto.

O fim do conflito ocorreu em fins de agosto de 1895 com assinatura de um acordo de paz com o então presidente Prudente de Moraes.


Mapa do Brasil de 1895 - daqui

continua ....




sexta-feira, 14 de setembro de 2012

GUSTAV E TEKLA CASARAM


Gustav Richard Rühe e Marie Tekla Jacobi casaram em Blumenau no dia 26 de abril de 1884, aqui.

Nome do Noivo: Gustav Richard Rühe
Origem: Tempelburg bei Neu-Stettin, nascido em 29 de setembro de 1860
Destino: Encano Norte, Blumenau
Profissão: Charuteiro
Pais do Noivo: filho do sapateiro Hermann Rühe e Clara geb. Wendt
Nome da Noiva: Marie Thekla Jacobi
Origem: Santa Izabel, nascida em 05 de janeiro de 1864
Destino: Blumenau
Pais da Noiva: Raimund Jacobi e Marie Luise ge. Bäringer
Casaram-se pelo pastor Sandrezcki em 26 de abril de 1884 em Blumenau.
Testemunhas: Wilhelm Jacobi e (ilegível)
Fonte: Arquivo Público de Blumenau




Logo tiveram cinco filhos:

Hermann Albert nascido em 25 de dezembro de 1885, cujo nascimento no cartório de Registro Civil de Blumenau, foi feito pelo Inspetor de Quarteirão do Districto 14 (localizado na margem esquerda do ribeirão Itoupava) e em cujo batismo na Igreja Luterana de Blumenau consta a procedência em Massaranduba.



Registro de Nascimento
Hermann Rühe
Cartório de Registro Civil – Blumenau – Santa Catharina
Livro 1881-1886, Folha 193 verso, Registro 919 pp. 195/186
(Aos vinte e oito dias do mes de Maio do anno de mil oitocentos e oitenta e seis nesta Villa de Blumenau em meu Cartório compareceu o Inspector de Quarteirão Vicent Schnitzler do districto n° 14)
Em seguida declarou o mesmo Inspector perante as testemunhas abaixo assignadas que no dia 25 de Dezembro do anno próximo passado nasceu no seu districto um menino que se deu o nome de HERMANN, filho legítimo de Gustavo e Tekla Rühe, lavradores alemães de religião evangélica. Avós paternos Hermann e Clara Rühe. Avós maternos Raimund e Luisa Jacobi. E como assim o declarou fiz este termo que lido e achado conforme assigno com as testemunhas e comigo, eu Fines Dukes, escrivão que o escrevi.
(ass.) Fines Dukes, Vicente Schnitzler, ilegível, Aug Werner

O segundo filho do casal foi Wilhelm Otto, nascido em 02 de fevereiro de 1887, cujo Registro de Nascimento em Cartório não foi encontrado e o batismo declara como procedente de Massaranduba.

O terceiro filho foi Richard Luis, nascido em 24 de outubro de 1888, cujo Registro de Nascimento em Cartório não foi encontrado e o batismo declara como procedente de Massaranduba.

As quarta e a quinta filhas de Gustav e Marie Thekla são Maria e Emília Rühe, provavelmente nasceram em Massaranduba também, a primeira em 16 de julho de 1891 e a segunda em 16 de setembro de 1893. Tanto o Registro de Nascimento como o Batismo das duas irmãs não foram encontrados.


As irmãs Maria e Anna Rühe - aproximadamente 1915

A localização Massaranduba (atual) e Distrito 14 (em 1885, margem esquerda do ribeirão Itoupava) são contíguas, muito próximas uma da outra. Nessa época, alguns irmãos de Marie Thekla também moravam em Massaranduba: Carl August Friedrich Jacobi, Carl Friedrich Wilhelm Jacobi e Peter Friedrich Christian Jacobi. O Memorial do lote de Guilherme (Wilhelm) Jacobi, localiza o mesmo na margem esquerda do Ribeirão 7 de Janeiro, atualmente na região da Vila Itoupa em Blumenau (a confirmar). Os irmãos seriam vizinhos ??


Localização aproximada do Distrito 14 - Blumenau - Mapa de 1872


Em verde a localização aproximada do atual município de Massaranduba, em vermelho a localização aproximada do Distrito 14 em 1885, margem esquerda do ribeirão Itoupava, atual região da rua Gustavo Zimmermann, Blumenau.

Entre outubro de 1893 e novembro de 1895 Gustav, Tekla e as cinco crianças mudaram de Blumenau (Massaranduba) para Curitiba. Conta Helena Rühe (Rüher) em seu depoimento que eles " fugiram da Revolução. Queriam matar Gustav porque ele fazia política em Blumenau. Tinha moinho, terras, ... vendeu tudo e não recebeu nada ..."

Que Revolução ?? A Revolução Federalista.

Nota : a foto das irmãs Maria e Anna na verdade é um xerox, se você tiver o original, será que pode escanear e mandar prá mim ??




terça-feira, 11 de setembro de 2012

E HELENA RÜHER CONTOU ....

Depoimento de Helena Rüher Gestmeier,
tomado pela minha mãe (Lourdes) no início da década de setenta (1970),
numa bela tarde ensolarada em Curitiba !!




"RÜHER
Estraich (Stettin) - pai - irmão - Porto Alegre (Otto)
                                 irmã - Curitiba (Anna) - tia Emília e tia Maria procuraram, acharam e ela negou ter um pai.
Blumenau - mãe

Gustav e Tecla casaram em Blumenau e fugiram da Revolução para Curitiba. Germano, Otto, Luiz, Maria e Emília nasceram em Blumenau e Helena em Curitiba. Voltaram para Rio Negro (Ricardo) e depois São Bento (Arthur) e depois Estrada dos Bugres bem embaixo (Anna e Theodoro).
Queriam matar Gustav porque ele fazia política em Blumenau. Tinha moinho, terras. Vendeu tudo mas quando foi receber não recebeu nada. Em Curitiba foi bem recebido por causa da política (apoiava a política daqui), foi morar em uma boa casa na Praça da Ordem.

Em Rio Negro foi em casa alugada, fabricava charutos, tocava bandoneon em bailes e casamentos, a avó Tecla costurava.

Deu-se bem com os irmãos da esposa, Tecla Jacobi teve 4 irmãos e 1 irmã.
Christian  com dois filhos e duas filhas, ficaram ricos
Laura Schwartz (na verdade, Blank)
(faltou Wilhelm, Guilherme Jacobi)

Vovô (Gustav) doente (Dr. Wolf) pediu para ser levado em Joinville e foi levado de carroça pelo Otto, porque não queria morrer em casa. Logo depois morreu e foi enterrado no Cemitério Protestante.

Na Estrada dos Bugres tiravam um pouco do mato, fizeram um rancho com palmeira de palmito, coberta com palha, o vento tirou, a mãe pos as crianças embaixo da mesa.

Trabalhavam em estrada e recebiam em terrenos.
Christian morreu em explosão de dinamite em pedreira, 15 dias a esposa ….

Vovó Tecla (curandeiro Jorge Wischaral) deixou morrer porque não fez limpeza no parto. Foi de Curitiba para São Paulo, com tio Luiz (ilegível) e fugido com o dinheiro. (?)

Na Estrada dos Bugres, os bugres nunca fizeram nada para a família. Foram buscar casca de araçá, cedo, ouviram o barulho de passos e as crianças fugiam para casa. Se esqueciam qualquer coisa fora, machado ou (ilegível), os bugres pegavam.

Vendiam as cascas para curtir couro, com isso pagaram dois terrenos. 
Plantavam aipim, taiá, milho, (vendiam) carne de bicho do mato (paca, veado, porco do mato, anta, jacutinga, jacu, macuco) para São Bento.
Cana de açúcar, faziam açucar pro gasto.
Monjolo (farinha de milho)
Café para o consumo
Laranja, banana, tangerina, 
ingá que plantavam nos pés de café para a geada não matar porque as folhas não caiam
Margarida (batatinhas), cará
Pão feito com farinha de milho e cará ou taiá (*)
Moinho de mão para quirera
Criava porcos, ganso, galinha
A primeira vaca foi trocada por uma roça de milho
Compraram um cavalo, quando o pai faleceu tinham cinco cavalos e duas carroças – uma com Luiz de 2 cavalos e uma com Otto de 3 cavalos".


Carroças na estrada Dona Francisca - sem data
dispobilizado no grupo FB Joinville de Ontem

(*) O livro "Gostinho cultural do norte do Espírito Santo" disponível on-line aqui, tem receitas da culinária pomerana, inclusive o Milhabrot, pão feito com farinha de milho, cará e outros tubérculos ralados.
(A colonização pomerana atingiu outras áreas no Brasil além de Santa Catarina, como o município de Domingos Martins no Espírito Santo)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

EM BLUMENAU, ONDE ??

É difícil localizar o lote em que a família de Johann Hermann Rühe (Rüher) se alojou. No Arquivo de Santa Catarina (Saco dos Limões, Florianópolis) estão parte dos documentos ref. a terras e colonização, mas não foram encontrados documentos de Johann Hermann. Já o  Arquivo Histórico de Blumenau foi vítima de um incêndio em 1958 e muitos documentos se perderam, também não foram encontrados documentos de Hermann neste arquivo. O que se pode fazer é tentar localizar aproximadamente a região em que foram residir a partir dos documentos (nascimentos, casamentos, óbitos) da Igreja de Confissão Luterana de Blumenau.

Consta no casamento de Gustav Richard Rühe realizado em 1884 que o noivo era de Encano Norte. Em 1891 falecia Clara Louise Rühe geb. Wendt, mãe de Gustav, e seu óbito foi informado pelo Inspetor de Quarteirão de Passo Manso.


Mapa de Blumenau - 1864
daqui, original no Arquivo de Blumenau

Segundo o site da prefeitura de Blumenau a localidade de Passo Manso era conhecida por Stiller-Pass, perto de um local com águas tranquilas do rio Itajaí-Açú onde era possível fazer a travessia por balsa. No mapa de 1864 era formada por parte dos lotes do distrito 7 na margem direita do rio e por parte dos lotes do distrito 8 na margem esquerda do rio. Atualmente apenas a região da margem direita do rio se chama bairro Passo Manso, a região da margem esquerda passou a se chamar Badenfurt.

Encano do Norte é uma localidade situada na margem esquerda do rio Itajaí-Açú, contigua ao antigo Passo Manso da margem esquerda (distrito 8), atualmente é cortada pela BR-470 e é um bairro pertencente ao município de Indaial.

O mapa acima é da Blumenau de 1864, portanto do ano em que os Rüher chegaram à cidade. O círculo vermelho corresponde à localização aproximada da propriedade da família, a partir das informações do casamento de Gustav e do óbito de Clara.


Mapa de Blumenau - 1872 - Acervo do Arquivo de Joinville

O mapa acima é da colônia Blumenau em 1872, observe como em 8 anos ela cresceu, como se espalhou como teia de aranha, acompanhando os rios. O círculo em vermelho é da região de Passo Manso. 
Mapa gentilmente cedido pela pesquisadora Brigitte Brandenburg.


Região do antigo Passo Manso - distrito 8

Pouco antes do ano 1873 chegou em Blumenau a família Jacobi, Raimund e a mulher Marie Louise mais sete filhos. 


Acervo do Arquivo Público de Santa Catarina

Raimund adquiriu o lote n° 87, com 82.727 braças quadradas no ribeirão da Mulda em Blumenau. O documento acima, de 5 de abril de 1895, é uma solicitação para a emissão da escritura definitiva do lote, já inteiramente quitado. Observe a assinatura do meu tetravô sobre o selo federal. Nesse data Raimund contava com aproximadamente 65 anos e estava há pelo menos 20 em Blumenau.

Os irmãos e irmãs de Marie Louise Behringer (cunhados de Raimund Jacobi) quando sairam da colônia Santa Isabel, inicialmente se instalaram na região de Gaspar.



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

POMERANIA

Após a segunda guerra mundial uma nova fronteira foi demarcada entre Alemanha e Polônia através da linha Oder-Neisse. A linha é formada principalmente pelos rios Oder e Neisse. Todos os territórios que antes da segunda guerra mundial estavam a leste da linha Oder-Neisse foram para a Polônia ou para a URSS no pós-guerra, 23,8% deles fazia parte da República de Weimar, a maior parte da antiga Prússia.

da wikipedia

Entre os territórios que foram para a Polônia está parte da antiga província da Pomerânia alemã (item 6 do mapa acima). A Pomerânia está sub-divida em Vorpommern (no nordeste da Alemanha, estado de Melckengurg-Vorpommern), Zachodniopomorskie, Pomorskie e Kujawsko-Pomorskie na Polônia.

Essas mudanças territoriais do pós-guerra provocaram grande mobilização de populações pela Europa Oriental, cerca de 14 milhões de pessoas migraram por toda Europa. Quase todos os alemães da região da Pomerania anexada pela Polônia sairam de lá.

As cidades da antiga Pomerânia prussiana mudaram de nome, agora têm nome em polônes, anteriormente eram de maioria luterana agora são de maioria católica. Atualmente é difícil encontrar pessoas que falem o idioma alemão nessas regiões.

Para se conhecer o nome atual da cidade e a que distrito (kreis) pertence pode-se acessar dois bons sites: 
hinterpommern.de, bastante completo, que indica a que paróquias as cidades  pertenciam (bom para pesquisa) e fornece dados populacionais, entre outros e o link da wikipedia.

Eram de origem pomerana os Rühee (Rühe, Rüher) de Tempelburg em Neustettin (atual Czaplinek), os Gerber de Billerbeck em Pyritz (atual Nadarzyn), os Bunde (Bonde, Bond) de Koseeger em Körlin (atual Kozia Góra).




Mais sobre a Pomerânia, clique aqui.