terça-feira, 9 de agosto de 2016

ATUALIZAÇÃO - FAMÍLIA ROBERT


Fatos diversos sobre a construção da Estrada de Ferro do Paraná, trecho Paranaguá-Curitiba. A construção da estrada começou em 1880 e foi concluída em 1885. Jacques Robert (meu trisavô) e alguns membros de sua família, provavelmente, trabalharam na abertura do segundo trecho (na serra).
Sobre o trabalho de Jacques na ferrovia, leia aqui e aqui.
Mapa abaixo, do segundo trecho, na serra, daqui.



PROCURANDO EMPREITEIROS:
"A maior parte das obras foi realizada sob o sistema de empreitada, sob diversos arranjos com a empresa ferroviária ou com o empreiteiro principal. Havia empreiteiros grandes e pequenos, com alto volume de recursos ou com recursos escassos. As tarefas variavam desde a derrubada da mata, a preparação do terreno e do leito da estrada até a construção de pontes e viadutos." (Lamounier,pg. 266)


Jornal Dezenove de Dezembro, edição de 9 de junho de 1880, para ler na integra clique aqui.



COMPRANDO MATERIAIS: ... e pagando alguma coisa a mais ou a menos, ver o segundo recorte

O Paranaense, ed. 7 de agosto 1881

Noticiador, ed. 18 de maio 1882


CONTRATANDO TRABALHADORESQuem eram esses trabalhadores ?

"A suposição frequente de que o trabalho nas ferrovias se identifica com trabalho livre baseia-se em legislações aprovadas na primeira metade do séc. XIX referendadas posteriormente nos termos de concessões, que proibiam o emprego do trabalho escravo pelas empresas ferroviárias." (Lamounier, pg.47)
"Em seu último quartel (do séc. XIX), os planos e as políticas implementados no país buscavam promover a transformação das relações de trabalho tendo como base contratos de serviços e legislações repressivas, independentemente de os trabalhadores serem brasileiros, imigrantes  ou ex-escravos." (Lamounier,pg. 49)
Gazeta Paranense, 1882, ed. 182

Além dos trabalhadores locais, contratava-se trabalhadores de fora, brasileiros de outros estados ou estrangeiros.

Dezenove de Dezembro, 1885, ed. 92

O anúncio abaixo é posterior à construção do trecho Paranaguá-Curitiba (1880-1885), refere-se à construção de outro trecho ferroviário.  Repare como a busca por trabalhadores se dá em diferentes idiomas, o anúncio é direcionado também ao imigrante.

A República, Ctba,  13 set 1890



O ANDAMENTO DA OBRAS:

Trabalhos executados na estrada de ferro, referente ao primeiro semestre de 1882. Para ver na integra, clique aqui.

Gazeta Paranaense, 1882, ed. 216


A VIDA NO ACAMPAMENTO:

" ... a natureza do trabalho na construção criava mesmo uma atmosfera muito peculiar ... De um lado havia grande mobilidade, dada a necessidade de mudança de acordo com o andamento do trabalho, de outro, grande isolamento, pois viviam longe das cidades, separados da família e dos amigos, normalmente em regiões distantes, na fronteira. Trabalhando em grupos, vivendo juntos em acampamentos ao longo da linha, dividindo ansiedades, perigos, doenças, tudo isso ajudava a criar laços especiais, sobretudo diante das precárias condições de trabalho. A natureza e a severidade do trabalho (especialmente a escavação, a construção túneis e de pontes), assim como as diferenças étnicas e a pobreza geravam atritos dentro do grupo, o que pode ser provado pela preocupação constante de empreiteiros e engenheiros com a segurança nos acampamentos, a presença da polícia nos locais de trabalho atesta conflitos e situações de potencial violência em que os trabalhos de construção se realizavam." (Lamounier, pg. 122)
Abaixo, fotografia do acampamento de trabalhadores durante a construção da Estrada de Ferro São Paulo, 1865, trecho Santos-S.Paulo. Provavelmente, os acampamentos dos trabalhadores da contrução da ferrovia Paranaguá-Curitiba eram similares.

do álbum Vistas da Estrada de Ferro de S.Paulo, 1865, aqui


Noticiador, 21 de maio de 1882

Dezenove de Dezembro, 1884, ed. 252

"Trabalho duro e pesado, baixos salários que nem sempre eram pagos em dia, doenças infecciosas, precárias condições de moradia e alimentação nos acampamentos, obrigação de comprar por altos preços víveres nos armazéns das  ferrovias, inúmeras violências praticadas por feitores e vigias e fugas contínuas, ainda nos dias de hoje, a caracterizar a construção de grandes obras, como barragens, hidrelétricas e ferrovias no país." (Lamounier, pg. 264) 


A SAÚDE DOS TRABALHADORES:

" ... até em regiões serranas (referindo-se à construção ferrovia Antonina-Curitiba), contrariamente ao que se poderia esperar, diversas doenças "grassavam ali de foma espantosa, bastando dizer que para manter 3.400 homens em serviço foi necessário contratar 9.000, é que em certa ocasião estavam  nos hospitais, montados pelo empreiteiro, 5.800 homens"". (Lamounier, pg.259)

Gazeta Paranaense, 1882, ed 234

Sobre a visita do Presidente da Província (cargo correspondente a Governador de Estado) Carlos de Carvalho :

Dezenove de Dezembro, 1882, ed. 28

MUITO interessante, os trabalhadores pagavam ao empreiteiro pela assistência médica e o valor não era repassado integralmente à companhia ...

Dezenove de Dezembro, 1885, ed. 205


Gazeta Paranaense, 1882, ed. 216


As citações são do livro de Lamounier, Maria Lúcia - Ferrovias e Mercado de Trabalho no Brasil do Séc. XIX, São Paulo ; Edusp, 2012.

Os notícias de jornal estão disponíveis na  Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.








Nenhum comentário:

Postar um comentário