terça-feira, 15 de março de 2016

O BARÃO NAS ÁRVORES


Luiza Capozzi >> pai: Ernesto Capozzi >> pai biológico: Antônio Drammis >> pai: Salvatore Drammis
O Barão Salvatore Drammis nas árvores, no pomar, na roça ... mas de longe, como disse Marc Bloch sobre o senhor feudal: "pôr a mão na enxada ou na charrua seria para ele um sinal de decadência".
"O Barão Drammis se ocupou da pecuária e também do cultivo de gramíneas. Tendo introduzido em sua propriedade a criação gado e ovelhas de raças estrangeiras, obteve a partir do cruzamento dessas raças, um rebanho que se acreditava era superior ao existente na Calabria. Ele também atendia outros proprietários (criadores) por possuir touros. 
Salvatore Drammis, depois de muitas dificuldades e longas tentativas, aclimatou vários grãos de cereais de primeira qualidade, e por isso recebeu a Medalha de Bronze do "Salão Internacional de Londres" (1862) e também recebeu do rei Vittorio Emanuele II, uma promoção para a Ordem da SS Maurice e Lazarus, correspondente da Societá Reale di Catanzaro." Daqui.
Percebe-se que a atividade principal da família Drammis em Scandale era a agropecuária, e com sua produção participava de exposições e eventos internacionais para qualificação e divulgação dos produtos.

No Official Descriptive Catalogue, International Exhibition 1862, Kingdom of Italy, aparecem os diferentes tipos de grãos de trigo apresentados por Salvatore Drammis, veja aqui, na pág. 88.


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Não esquecer que o alimento básico italiano era (e é) o pão e a pasta, e a qualidade do trigo estava intimamente relacionada ao status da família produtora.

O que eram essas Exposições Internacionais ?
Elas foram de grande importância na época e na Europa ... Essas exposições começaram a ser realizadas a partir de meados do século XIX, precisamente em Londres no ano de 1851. Inicialmente os estandes giravam em torno das novidades industriais e tecnológicas, aos poucos foram introduzidas as inovações na agricultura (grãos e sementes) e nas belas artes. No séc. XX as exposições tornam-se temáticas, por exemplo A eletricidade (1908, Marselha), A aviação (1936, Estocolmo) .... Elas são realizadas até hoje. Em 2015 foi realizada em Milão.
Nessas Exposições eram construídos espaços diferenciados, com prédios, pavilhões, praças, .... Uma das mais famosas foi a de 1889 que deixou a Torre Eifel como herança. Outras fotos da construção da Torre Eifel, aqui.

A Exposição Internacional em Londres em 1862, ocorreu entre 01 de maio e 01 de novembro de 1862, em South Kensigton, e teve a participação de  Salvatore Drammis, que recebeu uma Medalha de Bronze. 




Abaixo a planta do pavilhão e jardins, em vermelho a localização dos estandes italianos, em verde o brasileiro.



A planta é daqui. A foto abaixo é de um estereoscópio, que permitia visão 3D da imagem, uma das novidades da época. Ela e a foto de cima são da Wikipedia. Outras fotos aqui.

Clique aqui, no Catálogo da Exposição, e veja a participação de Salvatore Drammis, que foi agraciado pela coleção de produtos e pela excelência na qualidade.
O pavilhão da Exposição não caiu no gosto dos ingleses que o chamavam de "wretched shed", foi demolido e o material utilizado na construção do Alexandra Palace. Ocuparia o local onde atualmente está o Natural History Museum de kensigton. Assim acabou a participação do Barão e o edifício em que passou pelos idos 1862.
Para saber mais sobre Salvatore Drammis e as Exposições Internacionais clique aqui

Parece que Salvatore fez umas comprinhas em Londres, um piano que levou para casa, leia aquiSegundo a neta Cleide Capozzi: 
"Nosso avô (Ernesto Capozza) tinha conhecimento musical, pois quando eu ia visitá-lo, gostava de solfejar comigo, pois na época eu aprendia piano". 
Eu arriscaria dizer que Ernesto iniciou a aprendizagem musical nesse mesmo piano inglês.
Também o Brasil participou dessas Exposições, mesmo a de 1862, por obra de D. Pedro II. O Imperador fazia questão de levar produtos indígenas como redes, remos, flechas, cerâmicas e plumagens, além de produtos agrícolas, como ... café. Abaixo o estande brasileiro na Exposição de Londres, em 1862. Com certeza, Salvatore Drammis deu uma olhada nos nossos exóticos produtos ... mal sabia ele que seu neto ....

Um dos capítulos do livro "As Barbas do Imperador" de Lilia Moritz Schwarcz, trata do tema, a foto acima é do livro e faz parte do acervo do IHGB.
Se Ernesto Capozza acompanhou a família Drammis nessa vida rural, certamente quando chegou ao Brasil, sentiu-se à vontade na Fazenda Grama em Taquaritinga.


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